sábado, 29 de agosto de 2009

Nota de Imprensa

Odelouca: a última das
grandes barragens algarvias


Barragem de Odelouca - COTA 90 APENAS!

Mais uma Barragem, na Foupana? - NUNCA!

A Almargem esteve desde o início contra o projecto de construção da
Barragem de Odelouca, na medida em que esta teria graves impactes
sobre o património natural e cultural, sobretudo quando,
inicialmente, se apostava na sua localização a jusante da
confluência
da Ribª de Monchique. Conseguiu-se, pelo menos, que a barragem fosse
deslocalizada, contra a expressa vontade do Instituto da Água, mais
para montante, mas isso foi apenas um mal menor. O desaparecimento do
lince-ibérico e as fortes exigências por parte da União Europeia
que
faziam depender a construção da barragem de um vasto rol de
compensações ambientais, vieram provar que os ambientalistas tinham
razão. E, hoje, se é possível encarar a Barragem de Odelouca como
um
facto consumado, tal se fica unicamente a dever ao investimento
entretanto efectuado nas medidas ambientais e, sobretudo, na
implementação de um plano de reintrodução do lince-ibérico em
Portugal.
A Almargem, como lhe cabia fazer, não se limitou porém a dizer não
porque não, procurando antes demonstrar a existência de alternativas
que passavam essencialmente por racionalizar o consumo de água e
evitar os enormes desperdícios que ainda hoje se verificam, facto que
veio a ficar provado ser possível, ao contrário do que muitos
diziam,
aquando da seca extrema de 2005, em que a Região, sem racionamento do
consumo doméstico, mostrou ser capaz de ultrapassar a situação.
Note-se que tal só foi possível através de uma gestão integrada
dos
recursos hídricos superficiais (barragens) e subterrâneos
(aquíferos)
entretanto abandonados - que foi exemplarmente efectuada nesse ano.
Face à diminuição das disponibilidades das barragens do Barlavento
(Arade e Funcho), foi a conjugação do sistema Odeleite-Beliche com
vários aquíferos, em particular o de Querença -Silves que matou a
sede a praticamente toda a Região.

Pensada para ser uma peça fundamental do Programa de Aproveitamento
Integrado dos Recursos Hídricos do Algarve, idealizado há mais de 30
anos, a obra da Barragem de Odelouca constitui o derradeiro marco de
uma época em que as barragens eram vistas como solução para tudo,
conceito que infelizmente continua a ter muitos adeptos, mas cujos
enormes impactes são agora mais reconhecidos do que nunca: retenção
de sedimentos, com efeito directo sobre os fenómenos de erosão
costeira, destruição irreversível de habitats, desaparecimento de
património cultural, e até impactes sociais, serão certamente
razões
mais que suficientes para repensar a forma como queremos gerir o
futuro dos nossos rios, em vez de os represar a qualquer custo.

Sem noção do real valor do escasso recurso que é actualmente a
água,
iludida pela promessa de água fácil e barata a todo custo, a Região
e
todos os seus agentes económicos preferiram há muito enveredar por
um
caminho de falsa fartura, graças a um turismo ávido de mais e mais
água e promotor de desperdício. Sempre que havia um problema, lá
estava a solução fácil - construía-se mais uma barragem E foi
assim
nas últimas décadas. Primeiro, a de Odeleite e a do Funcho. Agora a
de Odelouca... Depois a da Foupana... e sabe-se lá que mais. O
resultado está a vista. Décadas de completa ausência de gestão dos
escassos recursos hídricos da região, perda irreversível de valores
naturais, dependência dos recursos superficiais sob o argumento de
suposta melhor qualidade, abandono e contaminação de aquíferos,
desperdício generalizado nos sistemas de distribuição (superiores a
40%) e, sobretudo, sensação generalizada de se poder gastar, gastar,
gastar sempre mais.

Implementada que está a barragem na Ribeira de Odelouca, a Almargem
continua ainda assim a opor-se a que a futura albufeira atinja o
nível máximo de enchimento previsto, o chamado Nível Pleno de
Armazenamento (NPA), fixado na cota 102m, de forma a poupar, pelo
menos a montante, as férteis várzeas da Sapeira (S. Marcos da
Serra),
mas igualmente algum do riquíssimo património natural e cultural da
zona do Talurdo. Para tal bastaria que a exploração da futura
barragem fosse efectuada 12 metros mais abaixo, à cota 90, o que
apesar de diminuir as disponibilidades hídricas (aproximadamente 92
hm3/ano, ainda assim superiores aos sistema do Funcho-Arade, que é de
23 hm3/ano), seria mais do que suficiente para suprir as necessidades
do Barlavento, permitindo diminuir drasticamente o impacto social do
empreendimento, tantas vezes ignorado.

Barragem de Odelouca - COTA 90 APENAS!

A não se optar por esta opção, a Região estará em definitivo a
dar um
sinal de que o seu desenvolvimento é para ser feito a todo o custo,
nem que o preço a pagar seja a destruição do seu riquíssimo
património natural, cultural e paisagístico.
E é isso que está em causa sempre que se fala de mais uma barragem,
sem que para tal haja justificação, e se apresentem alternativas
viáveis, que as há. Declarações como aquelas que foram proferidas
recentemente por um responsável regional a propósito do aumento das
necessidades de água para alimentar os novos habitantes das mais
de 80 mil camas que se preparam para invadir a Região e, obviamente,
os respectivos campos de golfe, reclamando a urgência de se construir
mais uma barragem, desta feita na selvagem e livre Ribeira da Foupana,
são pois um triste sinal que os nossos rios ainda não estão a
salvo, e
que a batalha pela sustentabilidade dos nossos recursos hídricos
ainda
não está ganha.

Mais uma Barragem, na Foupana? - NUNCA!

No dia em que é oficialmente inaugurada a Barragem de Odelouca, com o
fecho simbólico da comporta da albufeira, a Almargem preferiria que
esta data marcasse antes o inicio de uma nova tomada de atitude por
parte das autoridades, uma mudança que altere a forma como vemos os
nossos rios, não apenas como meros locais de abastecimento de água,
mas sim como parte essencial de um ecossistema que interessa
preservar e que a todos deveria comprometer na sua defesa. E também o
início de uma nova atitude perante a gestão dos nossos valiosos mas
escassos recursos hídricos, com mais parcimónia e espírito de
responsabilidade para com as gerações futuras.

Loulé, 28 de Agosto de 2009

A Direcção
Almargem

8 comentários:

Luciano disse...

Precisamos de agua, facto indiscutivel.

Os ambientalistas e meia duzia de gente lenta de ideias estao contra, como sempre.

Tal como estariam contra o derrube de falesias em risco de queda que agora criticam que ja deviam ter sido feitas ha mais tempo......

Hipocrisia pura.

As contas sao simples. O turismo precisa de agua. Sem turismo nao ha trabalho. Sem trabalho nao ha dinheiro. Simples. Ha sempre impacto ambiental, infelizmente, mas a realidade e que o Algarve nao sobrevive sem agua. Nem o Algarve nem lado nenhum.

E essa cambada de atrados mentais, em vez de atacarem os campos de golfe, porque e que nao pressionam os governos para a obrigatoriedade de reutilizacao de aguas das estacoes de tratamento tal como faz o campo dos Salgados? Sera que esses senhores ambientalistas da treta nao se lembram tambem do caso dos campos de golfe la pros lados da fronteira com Espanha, e que tambem estavam contra, e que afinal os lagos artificiais dos lagos dos campos de golfe se vieram a tornar locais em que as aves migratorias passam o inverno? Memoria curta.

António Maria disse...

Foi o ambiente que deu o turismo e sem ambiente não há turismo nem trabalho. O turismo tem de ser cada vez mais amigo do ambiente o que não se passa. POr tudo isto o turismo vai embora, que não gosta de ver o ambiente estragado. Os ambientalistas fazem falta, gente que se preocupa faz falta senão as desgraças eram maiores.

Roberto Raposo disse...

Atenção, que essa de usarem as águas das estações de tratamento não é bem verdade, pois a água muitas vezes sai salinizada, e nem sempre é bem filtrada, pelo que o seu uso para rega nem sempre é viável. A água resultante das estações de tratamento têm servido mais para limpeza de estradas, nos carros vassoura.

Li à uns tempos atrás que o tipo de relva usado nos campos de golfe e de futebol é um pouco sensível, o que dificulta o aproveitamento das águas residuais para sua rega.

O que poderia ser feito era, ao invés de se plantar palmeiras e outro tipo de árvores que precisam de muita água, se deviam usar o tipo de vegetação autóctone da nossa região, que resiste bem à seca e praticamente não precisa de ser regada. Temos muitos tipod e árvores e arbustos aqui no Algarve, que podiam muito bem embelezar os nossos jardins, promovendo assim a nossa flora poupando água.

Abraço

Roberto Raposo

Luciano disse...

Na questão da qualidade das águas que saem das Estações de Tratamento é tal como o Roberto diz. Não saem em condições de serem utilizadas para rega, precisam de mais alguns tratamentos e julgo que até agora só a Estação de Tratamento que abastece o golfe dos Salgados está preparada para isso.

E essas aberrações de gente que são os ambientalistas nada fazem para que esse tratamento extra se torne uma norma obrigatória. Simplesmente atacam os campos de golfe e por eles não devia existir nenhum à face da terra, quem lá trabalha que morra à fome que o que lhes interessa são os arbustos... Será que sou só eu que acha melhor haver campos de golfe do que haver campos abandonados e propícios a incêndios? Onde é que estava essa gente quando autorizaram a construção daquelas aberrações junto à Lagoa dos Salgados? Estavam caladinhos porque concerteza lhes entrou algum no bolso. Atacaram o Golfe que é um espaço limpo e verde, e calaram-se quando construíram prédios.

Voltando ao assunto da barragens que os ambientalistas da treta estão contra, como sempre, e a quem diz acima que o que temos que preservar é o ambiente porque é o ambiente é que nos traz turismo. Quantos são os turistas que vão visitar essas áreas em que vai ser feita a barragem? Devem ser aos milhares….
Na Lagoa dos Salgados onde realmente passam milhares de turistas que não gostam de ver construções junto a uma lagoa de aves migratórias, deixaram construir… Vale a pena dizer mais alguma coisa acerca dessa gente?

Será que sabem acerca da parte da linha de alta tensão entre Paderne e Algibre? Esteve embargada porque esses anormais disseram que os cabos de alta tensão afectavam o habitat dos pássaros. E os políticos de mer** deixaram embargar aquilo por causa dessa desculpa da treta. Por que será que esses mesmos senhores ambientalistas que dizem que estão preocupados com o ambiente não fizeram nada em relação a essa mesma zona ser uma zona de caça? Era engraçado ver nos tempos que aquilo ainda estava embargado, os postes de alta tensão sem cabos porque podiam afectar os coitados dos passarinhos, e depois nas bases dos postes às quintas e domingos estava cheio de caçadores aos tiros com a passarada. Cabos a 50 metros de altura, os senhores ambientalistas reclamam, tiros a matar os bichos, ficam calados…. Ambientalistas deste tipo para mim não têm valor absolutamente nenhum.

Roberto, se calhar as melhores árvores que se podem plantar em zonas de escassez de água até são as palmeiras. Pelo menos elas dão-se bem em zonas de deserto em que água não é das coisas mais abundantes…

Por mim as câmaras municipais podem plantar as árvores que quiserem, mesmo as que precisam de muita água. E arranjar água para as regar é fácil, basta arranjarem os aspersores da rega que jogam metade da água para a estrada… Porque será que os ambientalistas também não reclamam destes desperdícios?...

Manel Rufia disse...

Luciano ,esse seu comentário foi tiro e queda.100% a favor.

Anónimo disse...

FESTA É FESTA!
ALBUFEIRA SEMPRE EM FESTA!
Sardinha, carapau, frango, arjamolho, polvo, salsicha, caracol!Admirem-se!A laranja algarvia, ironicamente, devia estar classificada e demarcada, mas a incompetência e incapacidade dos políticos é tal!!!não consegue.É triste. Vendem os espanhóis laranja "espanhola do algarve"!Boa! É o cúmulo da incompetência. Só olham para os bolsos deles!!! Viva a gastronomia. os foguetes e os grandes e caros artistas. Há dinheiro para tudo e ainda sobra muito.Milhões para desbaratar naquela obra da ribeira que é uma vergonha.Contra todas as regras e ninguém sabe !Ninguém vê!!! Nem se preocuparam em acabar antes do Verão. Para quê?? O povo come tudo o que estes políticos baratos fazem.
O desidério paga sim e bem.Paga sempre!! Com o dinheiro da câmara? Não. Com o dinheiro do estado? Não. Com o dinheiro que ele ganhou quando fazia projectos e estava (e está) ligado à construção civil? Não! Então de quem é o dinheiro???? É nosso.Devia estar na educação dos nossos filhos.Na assistencia social.No bem estar da população porque é a obrigação de todos eles (as organizações públicas). Parte do dinheiro, fiquem a saber, é o que vamos todos pagar quando compramos (caríssimos)os livros da escola dos nossos filhos!!Na Alemanha, para evitar o negócio sujo, (como a consciência dos políticos), os livros são entregues aos alunos e devolvidos no fim do ano para serem entregues aos novos alunos!!!Tudo grátis. Que raio de políticos temos nós???Meus amigos o desidérios está a esbanjar o nosso dinheiro, quando temos o dobro dos desempregados que havia no ano passado!!É incrível!Nínguém se aprecebe?'?As empresas estão a falir. O turismo não tem contratos para o próximo ano e toca a festejar!Está tudo maluco!!!
Olhem albufeirenses, se não conseguirmos dar conta desta situação, lamento muito, mas é tempo de começar-mos a ter pena de nós próprios e vergonha dos nossos filhos que vão herdar o reino do desidério!!!

Anónimo disse...

ó meu amigo das 23;51 não me diga que a culpa dos livros escolares não servirem de um ano para o outro a culpa é da Camara, senão repare o Srº tem um filho anda no 7º ano os livros dele já não servem para o outro ano se quizer oferecer a um amigo que tenha um filho que vá para o 7º, até nas diferentes escolas do Concelho eles são diferentes, agora comparar um País do 1º Mundo ao nosso que é de 3ª é complicado

Anónimo disse...

Pois é ! Os "alemões" possuem dois cérebros e nós só um. Já me tinha esquecido!
O que falta é aproveitar as pessoas que são capazes e colocar os políticos (alguns) no lugar que merecem.Somos capazes de fazer muito melhor do que esta miséria. A Suiça é muito mais pequena e tem muito menos potencialidades, para dar só um exemplo.