terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ALBUFEIRA: A PROPAGANDA E O FUTURO


O discurso oficial da gestão autárquica de Albufeira, assenta nos últimos tempos numa expressão jornalística mais intensa e direccionada, mais para consumo externo, na tentativa de fazer passar uma mensagem de um concelho em movimento de franco desenvolvimento, pela vontade e capacidade de uma maioria absoluta.

Anunciam-se avultados investimentos em obras como o Museu do Barrocal em Paderne e um Palácio de Congressos na cidade, os dois com projectos de renomados arquitectos portugueses, exalta-se o crescimento demográfico, a conclusão de infra-estruturas sociais, de ensino e desportivas e a criação de oportunidades.

Considerando que todas as infra-estruturas são positivas, todavia, têm de concorrer para objectivos e obedecerem a planos que lhes dêem consistência e rentabilidade. As iniciativas avulso, desalinhadas ou desacompanhadas de outras que lhes dão razão e sustentabilidade, podem tornar-se num desequilíbrio estrutural e num peso financeiro para a autarquia, ficando os seus resultados aquém das expectativas.

O concelho de Albufeira, bafejado pelas virtudes da natureza, cresceu a um ritmo acelerado e desordenado, porque nunca obedeceu a um Plano Global e Estratégico, que definisse com clareza que tipo de objectivos se pretendiam alcançar em cada uma das partes do território e para cada um dos sectores da vida social e económica. Mesmo os PDM, que cumprem parte dos objectivos, nunca foram respeitados.

O Museu do Barrocal é uma mais-valia para a aldeia de Paderne mas, precisa de ser acompanhado de unidades de turismo local, incluindo para a área da saúde, que fixem visitantes e dêem circulação de pessoas e dinheiro, para o crescimento do emprego e das oportunidades.

O Palácio de Congressos, requer que se comece a trabalhar com anos de antecedência para se influenciar e calendarizar actividades mas não consta que tal tarefa tenha sido atribuída ao pelouro ou outra entidade.

O crescimento demográfico, que é real, deu-se pela vinda de nacionais e uma maioria de estrangeiros, de uma maneira geral desqualificados, que, devido ao facto de em oito anos não se ter construído habitação social, pagam rendas superiores aos rendimentos e vivem amontoados. Dado o agravamento da sazonalidade e da precariedade do emprego, temos assistido à queda destes estratos na criminalidade, criando constrangimentos na segurança, que foi uma imagem de marca do concelho e da região.

Nos equipamentos sociais, desportivos e escolares, apesar de se terem construído novas unidades, estas são manifestamente insuficientes para satisfazer as necessidades. Nem ao fim de uma década, a Guia deverá ter pronta a prometida escola ou o concelho verá satisfeitos os cuidados continuados e colmatada a cobertura de metade da população que não tem médico de família.

As assimetrias do concelho têm-se acentuado, por cada euro de investimento do orçamento da autarquia não corresponde um crescimento da economia, cujos sinais são preocupantes, estando o investimento privado em estagnação, não foram construídas quaisquer alternativas ao Turismo, a cidade está cada vez mais fantasma largos espaços do ano, com a mais elevada taxa de desemprego da região, problemas de liquidez de muitos empresários e os sinais para a próxima campanha não são animadores.


Perante a enormidade dos problemas que enfrentamos e a falta de um projecto convincente e sólido, todo o frenesim propagandístico da autarquia, deverá ter como clara intenção, criar uma auréola que promova a imagem de figuras que aspiram a continuar as suas carreiras políticas noutros planos, em parte já ensaiadas sem sucesso, fechando o ciclo autárquico.

Luis Alexandre

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