segunda-feira, 5 de abril de 2010

FREEPORT VERSUS SUBMARINOS

A política portuguesa tem este encanto: gosta de jogos, que começam em perigosos e acabam em patéticos. O único interesse é que tanto corre o gato atrás do rato, como vice-versa. Levantam-se suspeitas, que depois de gastarem muitos milhares de euros do erário público, acabam em acordos políticos, com as polícias e a Justiça na prateleira da inutilidade e do desperdício.

Em terra, no mar ou no ar, zonas húmidas ou secas, na Cova da Beira ou no Poceirão, nas instituições ou autarquias, tudo é negociável, com requintes legais, aprimorados ao longo dos tempos para o efeito.

Todos os casos em Portugal, que falam de corrupção, da pequena à grande monta, não passaram de equívocos, maledicências, incompetência dos investigadores, invejas e até cobardias políticas. E se os casos têm ligações ao exterior, que sofre da mesma doença, sabe dos procedimentos e como jogar com o tempo. As internacionais partidárias conhecem a natureza dos problemas, porque fazem o seu papel de correntes e intermediação, como se obrigam a fazer a solidariedade na adversidade.

Tal como o Freeport não teve a disponibilidade do poder inglês (não confundir com a polícia que recebe ordens) e as denúncias públicas e conclusões em Portugal se ficaram por um bom punhado de papéis e trâmites incrivelmente acelerados por mãos desculpáveis, o caso dos submarinos, foi travado por acordo da mais importante confabulação político-partidária, PS/PSD/CDS, de onde agora se levantam vozes de indignação e retorno ao inquérito.

A agitação a partir da Alemanha, com o envolvimento de um cônsul há muito contestado e só agora exonerado, mostra que o peixe miúdo vai gozar os proveitos, curiosamente na dinamização do interior do concelho de Faro e onde Macário Correia, necessitado de investimento, não vê inconvenientes à pureza da figura e do seu dinheiro.

O Governo alemão, que não terá interesse em exportar escândalos, arrumará a parte da sua casa e deixa aos políticos portugueses a forma de limparem a sua parte.

Alguns “entretainers”, já adiantaram que o despoletar do caso vai facilitar a renegociação das contrapartidas que, pelos vistos, se mostravam difíceis. Estamos diante do caso em que um bom escândalo ajuda a ultrapassar as dificuldades dos canais políticos e da renitência da Ferrostaal. O país vai ser empurrado para olhar para este lado positivo.

A tolice cultiva-se, daí o salto do PS, que pondera aderir à ideia de uma comissão parlamentar, sem nenhuma intenção de ter sinal contrário e pretender travar a profundidade de uma outra, que analisa se o primeiro-ministro mentiu ou não ao país, sobre um negócio preparado dentro de uma empresa “gold” na dependência do Estado e que não teve consequências para quem o embaraçou, na ignorância do cargo.

Com uma economia destroçada e uma Justiça que não goza da confiança do país, muitos, tidos como importantes, falam de corrupção que, ou não é investigada ou se o é acaba em chacota de café, tal como continua a entediar o parlamento.

Os políticos pensam que o povo não trabalha a inteligência e a memória… e que a pouca vergonha é eterna…


Luis Alexandre

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