sexta-feira, 16 de abril de 2010

A INTELECTUALIDADE DE ESQUERDA

O douto Vasco Pulido Valente, insofismável devoto e fabricador de conceitos para o desenvolvimento do pensamento de direita, habituado a uma adulação discípula de grandes franjas da inteligência, voltou à carga, o que faz quando interessa ao sector da sociedade a que pertence, sobre a improdutividade e o definhamento da intelectualidade de esquerda.

Partindo do princípio universal forjado no estipulado capitalista, de que a uma direita institucional faz falta uma dita esquerda de igual matriz, VPV desanca nas fragilidades actuais do BE e do PCP, partindo da realidade de que o PS está ganho, por falta de figuras e esmorecimento na construção de uma visão para o país, no actual quadro de circunstâncias. Louçã, diz, gastou as pilhas e Jerónimo de Sousa é um figurante, tudo porque o estado do país reúne os ingredientes de conflito social que os deveria estimular.

Estas acusações surgidas em momentos escolhidos, com exponencial dedicação de VPV e em tempos de grande entrega da direita ao projecto de poder, são uma prática de embuste da parte dominante da sociedade, pretendendo restringir a discussão social e filosófica às meras incidências do espectro partidário de assento parlamentar, onde pautam a direita e a roupagem de esquerda, numa clara intenção de fazer passar a falsa mensagem de que não há ideias e competências fora do circo.

A direita e os seus ideólogos, atentos a desfazerem a imagem de autoritarismo e apropriação que a caracteriza, partilham o espaço com a pretensa esquerda regimental que se tem deleitado com os valores e delícias que o Estado democrata-burguês lhes proporciona.

A teatralidade das acusações de desconfiança a esta esquerda regimental, à sua suposta entrega e ausência de luta ideológica, devem-se a quatro ordens de razões: ao facto de doutrinariamente serem partidos que procuram a suavização do capitalismo; aos combates ideológicos da direita, onde o arrolado VPV, na devida proporção, com veemência tem procurado a conversão destes à nova ordem de pensamento no quadro das leis que produzem conjuntamente, criticando os desvios em momentos de maior turbulência social, bem como a utopia reivindicativa do Estado social e das propostas salariais, progressivamente domesticadas num nível de ridículo acima do oficial; a terceira razão, trata-se da necessária e tranquila fermentação e revisão interna da doutrina e do estilo de inserção dos seguidores que, no caso do PCP, levou a cisões de pessoas que quiseram chegar mais depressa às regalias e, no BE, sendo a fusão de uma série de outras experiências falhadas, estão a sair da timidez e dos engulhos da nova fatiota política, com propostas de reformas e lições de finanças ao sistema; e finalmente a quarta, que tem a ver com o discernimento crescente que o movimento popular vem ganhando sobre o que não quer e as ideias justas para uma verdadeira sociedade democrática, que implica necessariamente rupturas.

A intelectualidade de esquerda, aquela que tem um pensamento transformador e nenhumas ilusões no sistema opressor instalado, não procura o debate com a direita, intervém como pode na sociedade, porque lhe são impostas todas as restrições para chegar às forças sociais que podem dar forma e sustentação a um programa político verdadeiramente socialista.

A intelectualidade de esquerda não está morta e podem ter a certeza que age. A direita sabe-o bem e por isso procura salvar o outro lado da sua face.

Luis Alexandre

2 comentários:

Anónimo disse...

a politica é uma salganhada e vivem todos á grande com a massa da malta, ás vezes na televisão o Paulo das feiras é mais de esquerda que os outros.

carlos

PR disse...

Esquerda e direita são tudo uma cambada de corruptos e oportunistas. Nós, povo é que nos lixamos enquanto esses senhores por ai andam laureando na avenida. Estamos melhor do que a Grécia? Acham mesmo? Podíamos sim estar bem melhor do que a Grécia se não fosse o bando de palhaços que nos "governam" á mais de 30 anos.