segunda-feira, 19 de abril de 2010

QUE ALGARVE QUEREMOS DAQUI A 25 ANOS


Com mais diagnósticos realizados do que soluções aplicadas, o Algarve, no actual momento, está longe de reunir as condições políticas para sair do espartilho que lhe montaram.

As razões prendem-se com factores sociológicos, demográficos, culturais, económicos e políticos, que determinaram que nos acorrentassem a uma cultura de submissão e colonização, diminuindo, de forma consentida, os nossos representantes institucionais e os órgãos regionais.

Sem vencermos a batalha de vozes próprias e da firmeza de um Caderno Negocial Regional, que em jeito de desculpa querem fazer crer só ser possível no quadro da regionalização, não podemos avançar.

O futuro começa em contrariar a subjugação da condição de eterna aceitação do princípio político “dos interesses nacionais”, primazia imposta em todos os documentos de lei nacional, sem que neles estejam incluídos os interesses regionais, em justa proporção e solidariedade nacional.

Os nossos representantes não podem estar amarrados a estratégias partidárias de poder, em que esta visão da sociedade não esteja inscrita.

O Algarve tem a sua vocação marcada para as próximas gerações, seguir na actividade turística, com o recuo positivo às suas fronteiras originais de região rica em História, tradição, segurança, valores gastronómicos e harmonia ambiental, incorporando os novos parâmetros de exigência social e económica.

Adiantava seis linhas de força que deverão estar no centro do debate transformador:

1. Reabilitação urbana, infra-estruturação, ordenamento e reflorestação do pinhal e espécies autóctones;

2. Identidade gastronómica, levantamento e rede regional de Cultura;

3. Turismo multi-facetado e multi-sustentado, de esbatimento da sazonalidade;

4. Ligação imaginativa e de envolvimento das comunidades residentes;

5. Apetência pelo ensino e qualificação permanente;

6. Economia ambiental e tradicional, de Saúde, de Inovação e de progresso social.

O sucesso da região em termos turísticos e o seu desenvolvimento galopante nas últimas décadas, revela-se agora necessitado de reavaliação e correcções, sendo absurdas as teorias de perda de importância estratégica do Turismo na base de sustentação da sua economia e finanças.

Um dos erros políticos impostos, é pensar que o crescimento se faz pela ocupação dos espaços, descurando a preservação dos valores que por si só não entram em contradição com a modernização. O objectivo de correcção será, fazer crescer a qualidade a todos os níveis, ainda que isso represente a libertação do território. O Turismo também terá de incorporar o princípio da satisfação das necessidades e não dos interesses desmedidos que as desequilibram.

As próximas eleições e os próximos 5 anos, são decisivos para nos libertarmos das amarras situacionistas. O facto de, por via de lei, muitos dos dinossauros autárquicos com peso no passado, saírem de cena e, inevitavelmente, os principais líderes regionais serem confrontados com os seus insucessos, uma nova geração terá de carregar o fardo dos erros, de construção inteligente de uma nova imagem e dos seus pesados custos.

O Algarve, como região turística, tem de reivindicar uma visão própria e perceber que tem de conquistar o seu espaço. A experiência passada tem de ser uma lição e precisamos de estar à altura do desafio, que implicará roturas com as ideias e formas de organização que tanto mal nos fizeram.

Seremos capazes?


Luis Alexandre

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