domingo, 25 de abril de 2010

QUE MOTIVAÇÕES TEM A JUVENTUDE DE HOJE



Trinta e seis anos depois da abrilada, onde a juventude e as ideias jovens tiveram um papel preponderante na queda do regime fascista e na sua substituição pelo actual modelo parlamentar, poder-se-á falar do seu adormecimento ou afastamento, relativamente às causas sociais?

Numa análise mais cuidada, pode-se concluir, que as motivações que separam uma e outra época diferentes, estando no passado o inimigo claramente referenciado pela repressão a tudo o que era novo, provocando toda uma sociedade, com mais clara apreensão das suas forças mais progressistas, espalhadas no tecido social.

No campo económico, as contradições não estavam na falta de trabalho mas, nas suas condições de exploração e, no campo financeiro, o controle férreo do dinheiro fazia-se em circuito fechado e ao serviço dos membros do regime. Nas suas diferentes frentes, a juventude, sobretudo a masculina, não enfrentava problemas de ocupação. A sua veia de protesto, era justificada pela compreensão, solidariedade e desejo de mudança.

O actual contexto, não prenuncia um regime tirano e policial, anuncia-se em princípios de abertura à circulação de ideias, está economicamente organizado em processos da procura e da oferta e depende da constante modernização, da qual depende o mercado de trabalho, cada vez mais apetrechado e cada vez mais desvalorizado. O mercado financeiro abriu-se, vive dos serviços a uma maior base social, com outro modo de vida, proveniente do incitamento ao consumo que por sua vez justifica o desenvolvimento económico ou cai em função dos excessos.

A democratização do regime trouxe gradualmente a democratização da cultura e do ensino, a juventude dos nossos dias tem mais conhecimentos, mais experimentação social e tecnológica, absorve cada vez mais recursos familiares e enfrenta dificuldades sociais, sobre cujas razões de fundo presta, aparentemente, pouca atenção. A sua atenção pela ligação das causas é ainda dispersa, as supostas elites, que antes do 25 de Abril tiveram um papel de primeira linha no combate político, hoje estão do lado dos valores da democracia parlamentar e dos seus partidos, não ousando pôr nada em causa, ainda que os sinais sociais sejam de degradação preocupante.

Questões que são do foro intrínseco do seu crescimento e afirmação, estão em degenerescência, são transversais à sociedade e ao funcionamento das famílias, que se vêem obrigadas a baixar as expectativas dos seus membros. Os jovens têm em cima da mesa um vasto leque de apreensões, que vão dos níveis de formação à solidariedade familiar, à entrada na vida activa e à constituição das suas próprias famílias, entre outras.

O actual sistema criou-os e não lhes tem dado respostas. Os próximos anos de crise profunda, só indiciam o seu agravamento e quer as juventudes partidárias queiram ou não continuar a peneirar o Sol, eles vão saltar vincadamente para a mesa da discussão. Lá em casa, nas escolas, nas academias ou nos locais de convívio, a juventude vai mostrar que não é rasca.


Luis Alexandre

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