terça-feira, 25 de maio de 2010

O RUÍDO PRESIDENCIAL E O SINDICAL


Com o descalabro instalado e muita tensão no ar, “não há cão nem gato” que já tivesse passado por lugares cimeiros da política caseira, que não venha frasear reprovação dos residentes actuais, em fugas de rabos a arder, ou impropérios contra o fomentado consumismo popular.

Depois da extravagância democrática da garraiada política, que se untou no decurso e preparou reformas douradas ao cabo de oito anos que se mantêm desavergonhadamente intocáveis, despoticamente prepararam mais um pacote de agravamento da exploração de quem trabalha e dos reformados.

Com suprema hipocrisia sobre o estado de vida das famílias e indivíduos que se endividaram nas armadilhas que lhes montaram, com os devidos proveitos arrecadados por privados e Estado, os novos e duros golpes vão engolir o espaço de dignidade com muitas a caírem na pobreza.

O capitalismo e os seus agentes são historicamente implacáveis, rodeiam-se dos melhores pensadores e executores, cortam os males pela raiz e acumulam para suportar os custos do sistema. O capitalismo espera que as ondas passem para os novos ataques.

Com as barbas a arder e depois de mandar olhar para o Atlântico, o presidente deste país falido, Cavaco Silva, desceu do pedestal da aparente ingenuidade, como se nada se tivesse passado sem o seu conhecimento (até entreteve o país com a história das escutas)e, decidiu-se por pedir a ajuda ao capital, a quem mais poderia ser, para ajudarem na reconstrução do que ajudaram a desfazer e com certeza dando as garantias do Estado para a protecção dos seus interesses de retorno futuro.

Um povo trabalhador, cujas necessidades de casa, carro, frigorífico, tempos livres, saúde e ensino para os filhos são considerados excessos e aquém do valor do seu trabalho, vê-se obrigado a engolir estas afrontas, que os partidos, particularmente os que se dizem de esquerda e também os sindicatos, fingem contestar para afinal chegarmos aonde estamos.

O sindicalismo algarvio juntou 150 pessoas em congresso este fim-de-semana e, diante do trágico panorama da região e das suas arrastadas e conhecidas velhas lamúrias, não mais do que isso, tirou como conclusões, “um desejo unânime de mudança de políticas”, possivelmente apelando ao infindável bom senso do capital, queixando-se das “medidas desfasadas deste Governo, que chegam tarde e a más horas”. Acrescentaram-lhe os seus hábeis dirigentes, “que faz falta outro poder político”, sem explicarem qual e como poderá chegar.

Mais congresso menos congresso, a linguagem é para trazer o movimento sindical controlado, desgastando-lhe as energias e os objectivos estratégicos de procurarem eles próprios os seus caminhos, pondo-os ao serviço de repetidas estratégias de poder, opostas aos seus interesses.

Medidas de acção independentes, pensadas pelas próprias cabeças e adequadas ao quadro específico da região, não foi destilada uma única. Percebe-se que as ordens continuam a ser superiores, sob slogans de falsas unidades e solidariedades, cujos resultados são os que estão à vista: a humilhação da capacidade do trabalho produzir ideias de gestão e orientação geral para a condução da economia do país.

Conclusão: os dois movimentos encaixam-se, o presidencial e o sindical, apesar das declarações em teoria contraditórias mas que concorrem para o rebanho pagar os custos de mais uma crise. Ainda se chegou a pensar que no âmbito do 10 de Junho, o trabalho regional desse indicações sociais da sua visão de sociedade mas…


Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

Para vêr e pensar.
http://www.youtube.com/watch?v=Z2mf8DtWWd8