segunda-feira, 10 de maio de 2010

UM PAÍS SEM RUMO PRÓPRIO



O país traz em cena desde a anterior legislatura, o confronto de ideias sobre o lançamento de grandes obras públicas e o que podem representar para o futuro do país.

Com todas as negociatas em terrenos em estado adiantado ou consumado, está interiormente pactuado não haver outra implosão como a da Ota, o que permite considerar que as facções da orla do poder se equilibraram nos negócios adjacentes.

Os argumentos políticos da extemporaneidade ou das consequências do investimento, mais do que comportarem os custos e efeitos na economia em tempo de crise, transportam em si o posicionamento dos interesses dos sectores que vivem do volume das iniciativas do Estado. Os partidos representam esses interesses e as suas posições políticas reflectem quem tem o poder de decidir e ganhar vantagens. Este é o principal fundo das divergências, que tem chefes exteriores que controlam e pressionam.

Perante a gravidade da situação do país, obrigatoriamente do conhecimento das partes do sistema, em que o capital estrangeiro fugiu e revela, no momento, pouca apetência pelo mercado de trabalho português (e não se deixem iludir que o que lhes interessa é o controle da turbulência social, tal como as facilidades do Estado, porque a tecnologia instala-se em qualquer lado), o que introduziu o resvalar das falências e desemprego em cadeia, a economia nacional precisa de tratamento urgente e como o capital nacional não tem ideias, produtos e mercados capazes de catapultarem o país, fruto da falta de estratégias para além de uma governação, o investimento público afigura-se indispensável.

O que está em causa nas condições difíceis do país é a qualidade desse investimento, que tem de representar o relançar das infra-estruturas locais e regionais e daquelas que devem servir de sustentação à internacionalização da nossa economia. Há riscos que têm de ser corridos pelo interesse nacional e estão acima das lutas partidárias e das obediências externas.

Dois dos problemas dos investimentos públicos são a fraca incorporação das empresas e tecnologias nacionais, que devem ser defendidas, bem como a corrupção adjacente que contribui para subverter os resultados e os valores da dívida.

Acautelados estes aspectos, o investimento público tem de ser a locomotiva do actual momento grave e não ficar à espera do arranque dos outros mercados para nos arrastarem.

Se as regiões espelham o país, o Algarve, que desespera pelo investimento prometido, que o reestruture, relance as suas actividades económicas e responda ao descarrilamento do emprego, precisa da atenção que lhe tem sido negada.

A economia regional, em quebra acelerada, porque dependeu do investimento privado exterior, nacional e estrangeiro, clama por medidas estruturantes de iniciativa do Estado, algumas delas já definidas, que reacendam o interesse das foças sociais e económicas e do micro tecido local, assumindo compromissos de correcção dos erros passados e relançando os sectores tradicionais quase aniquilados.

Os representantes algarvios no parlamento andam às voltas com questões laterais e mostram-se incapazes de tomar decisões de afrontamento dos que abusam das promessas e distorcem a nossa visão e aspirações de desenvolvimento.

Trichet e Constâncio, tal como Barroso, são peças do sistema que falhou e com que autoridade dão lições ao país? Tal como os ex-ministros das Finanças, que se propuseram sugestionar o presidente da República sobre as suas visões para reparar os estragos acumulados e produzidos nos seus reinados?

Usar como argumento o actual endividamento e o seu aumento, incontornáveis e sem outras alternativas mobilizadoras, esconde apenas a intenção dos capitais especuladores que comandam os passos destes senhores que de forma despudorada, exigem como únicas soluções para os próximos anos, o aumento da carga fiscal de exploração do trabalho e das pequenas e médias empresas.

Em tão pouco tempo o nosso primeiro-ministro passou de autoritário a um servo… e o nosso presidente da República, manda-nos olhar para o Atlântico, talvez para relaxarmos… de tanta pobreza política.


Luis Alexandre

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