domingo, 6 de junho de 2010

PODER PARALELO



Degrau a degrau, a “capital do Turismo nacional” – Albufeira -, que viveu alegremente o desenvolvimento imparável da oferta, com investidores em bicha para serem atendidos na Câmara Municipal, vem descendo a um nível de qualidade preocupante.

Quase de forma invisível para a maioria da população que não domina os números globais da actividade económica, a depauperização vai-se consubstanciando, ano após ano, com a quantidade e a qualidade de clientes a baixar e o volume de receitas a diminuir de forma muito mais preocupante para os agentes no terreno, do que para as diferentes autoridades.

Uma cidade que agradava pela simplicidade e tranquilidade e dominou o panorama turístico a partir dos anos 80, ganhou por mãos alheias aos seus interesses, os vícios das grandes metrópoles turísticas, em modelo cujos ecos de perda de fulgor foram ignorados.

As suas raízes culturais e a modéstia da linha arquitectónica, que foi sendo substituída pelos devaneios mentais e estéticos de todo o tipo de saloios que aqui vieram poisar e tiveram o beneplácito dos sucessivos executivos, sem diferenciar cores políticas, contribuíram, para além da descaracterização e densidade da ocupação do território, para a perda de identidade, passando de costumes simples, a hábitos diferenciados e adquiridos, potenciadores de comportamentos marginais, caindo uma parte da população e juventude, em meios pouco condizentes com os bons costumes.

A área da segurança degradou-se consideravelmente, deixámos de ter o meliante ocasional e conhecido, para termos bandos organizados, com os olhos postos nas fragilidades territoriais e policiais, que actuam como e quando querem e têm produzido perdas materiais e psicológicas em habitantes e visitantes.

O ruído sobe de tom, a edilidade actual reconhece-lhe estatuto associado ao Turismo, induzida por interesses bem organizados e poderosos, que dispõem dos seus próprios mecanismos de defesa face aos problemas que criam com os excessos de álcool ou consumo de drogas e as autoridades policiais rondam de longe, parecendo aconselhadas. As empresas que aplicam o corte de som devem agir em segredo de Estado. O Governo Civil também.

Albufeira, nos dias de hoje, é uma grande urbe territorial desprotegida, cinzenta e pachorrenta 7 ou 8 meses do ano, não consegue convencer para mais e, nos restantes meses, quando vende o sol, a praia e agora a noite, com os produtos associados, fá-lo de forma sôfrega, nem sempre nas melhores condições de serviço e segurança, procurando em 4 ou 5 meses o sustento de um ano, oferecendo cada vez mais condições precárias de trabalho com as consequências inerentes.

Os factores sociais agregadores da velha urbe tradicional desfizeram-se na falta de estratégia, na ganância e oportunismo políticos, o povo da terra vive afrontado com a destruição que assistiu para gáudio e proveito dos oportunistas, que vão continuando a minar, concertando novas estratégias de aproveitamento dos valores construídos com propósitos de lazer e prazer naturais, para pessoas emocionalmente e estilo de vida equilibrados.

Os negócios da noite, nem sempre transparentes, vêm conquistando espaços sub-reptícios, dentro de uma legalidade incapaz de controlar e condescendente, que irão colocar mais e novos problemas de segurança e imagem, que não é de certeza aquela que a imensa maioria da população apoia. Fica o aviso.


FORUM ALBUFEIRA

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