segunda-feira, 7 de junho de 2010

VAMOS A BANHOS PELA PÁTRIA



Com a pátria no fundo e sem que ninguém esperasse, o nosso presidente da República, nesta sua romaria pelo sul, pela raça, pelas comunidades e sem Camões, que se fosse vivo certamente se recusaria, teve paragem em Albufeira, no passado dia 5 de Junho.

Sabendo ao que ia, inaugurar o mais caro e espectacular pavilhão gimno-desportivo do Algarve, obra de um correlegionário seu e numa cidade que, apesar de ter tido há alguns anos projecção no basquetebol português, os seus clubes, que trazem uma digna actividade, estão em escalões mais baixos e em naturais dificuldades.

Albufeira tem uma maravilha de pavilhão e os clubes na penúria, o mesmo é dizer que o dinheiro gasto, orçamento e a sua considerada natural dilatação, dariam para suportar as actividades desportivas por um bom punhado de anos do conjunto de colectividades e modalidades.

Na realidade, sem termos ainda a noção exacta se gastámos o que não tínhamos num elefante branco, o que podemos concluir da factualidade é que temos oferta de luxo para as necessidades locais e sem que ninguém conheça quaisquer planos pré-estabelecidos de oferta deste espaço a clubes e competições de elevada estatura, que permitam pelo menos o custear desta infra-estrutura.

Cavaco Silva, no seu papel hirto de falsa representação de todos os portugueses, ignorou os problemas locais e o do pavilhão em concreto, passando a um discurso elaborado pelos seus estrategas, no qual lançou um desafio aos portugueses que passem férias em Portugal.

Sustentando a sua afirmação na poupança de recursos nas transacções com o estrangeiro, que acabou por receber à distância a contestação do ministro Vieira da Silva, baseada numa hipotética reciprocidade dos seus congéneres dos países emissores de turistas, Cavaco Silva, escamoteou uma parte importante da realidade do país e da região, que é a sua vocação turística e elevada dependência das receitas provenientes dos milhões de estrangeiros, face ao volume da oferta.

Talvez não venhamos a saber se este foi um discurso de ocasião, concertado para uma situação que o poderia fragilizar, na medida em que a conjuntura não vai impedir aquele sector que viaja com frequência de o fazer, e estamos a falar de escassos 2 ou 3% da população, tal como, os portugueses que eventualmente recorram ao seu movimento pelo país, no período tradicional de férias e calor, não resolvem os problemas de tesouraria do comprimento dos anos.

Este apelo, proferido em Junho e levando em conta os contextos atrás descritos, peca por tardio e a descarga de consciência sobre os avisos que deveriam ter sido lançados sobre as políticas governamentais de encontrar formas inovadoras de publicidade e captação nos mercados turísticos.

O senhor Cavaco Silva, leva três anos e meio de presidência e só agora se apercebeu da gravidade das situações?


Luis Alexandre

1 comentário:

Tonycurtes disse...

Com uma imagem dessas nem me dei ao trabalho de ler tantas linhas com letras...