quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os passos do novo Messias


Dizem as sondagens, essa máquina bem trabalhada para impressionar e influenciar, que o novo Messias português, vem das linhas laranja.

Depois de anos de convivência autofágica, da demissão de um primeiro-ministro e da fuga de outro, os passos aconselhados de Coelho, foram os de saber esperar, estudar os dossier e preparar-se a prazo, para liderar o partido e o país.

Passos Coelho cumpriu a quarentena, venceu a concorrência no partido e na conjuntura em que o céu desabou sobre o Governo e o país, este salta para o palco, segredado pelos patrões locais e da Europa, para lhe dar o apoio que, putativamente o levará ao cadafalso.

Gerindo as benesses que a gravidade da situação lhe proporciona, onde o seu partido tem marca própria e com a casa a arder no PS, o líder do PSD, outro predestinado em rodagem até para surpresa própria, tanto combina como irrita os parceiros, num jogo que traz a faminta família laranja, em desassossego para abocanhar o bolo. Até o seu principal adversário interno, que está na lista de espera, não quer manchar a imagem capitalizada e força o elogio da postura na caminhada para o poder, onde a falha convencionará a decapitação.

Na graça de pôr os seus deputados a levantar e a baixar o voto, Passos Coelho deu ânimo ao Governo na feitura do PEC e obriga-o a citar em público as suas vontades sobre as SCUT e todas as outras medidas gravosas para o povo, que o OE de 2012 terá de consagrar.

No momento, o PSD parece controlar a chama. Passos Coelho e o PSD têm o dedo no botão, vão cozinhando o país e a tendência de voto, esperando que se a tampa saltar, a revolta queime apenas um dos autores da receita.

Com os ventos de feição, a presunção laranja, arroga-se desviar as atenções das consequências para o país das políticas tramadas com o PS e engendra um plano de revisão constitucional, onde retoma as ideias escondidas nas palavras da antecessora, da “suspensão da democracia”, que percebemos de forma mais fluida, tratar-se de consagrar na Constituição, as políticas e mecanismos que orientem a consolidação de um Estado mais autoritário e liberal.

Passos Coelho anda na quase perfeição nos sapatos que calçou, trabalha na passadeira da recomposição do sistema político e dos interesses económicos e financeiros que representa, desdobra-se como o desejado na agenda política, não percebendo o fardo das contradições que gera, incluindo nas patentes das hostes, podendo a corda vir a amargar mais cedo que o esperado.

O horizonte laranja celestial de Passos Coelho e apaniguados, que contrasta com o rosa desmaiado e atribulado de Sócrates e do PS, tal como o negro para a população portuguesa a braços com o pagamento de uma crise que não criou, poderá acinzentar-se por tanta euforia e inexperiência de que os outros não pensam e não agem.

O principal Messias que reza na História, foi pregado na cruz e subiu ente as nuvens e só governou e governa sobre a sua memória. Mas Passos Coelho é bem mais terreno, material e capaz de fazer inveja a muitos outros fariseus…


Luis Alexandre

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