sexta-feira, 2 de julho de 2010

Reinar, dividindo.




Inconsequência atrás de inconsequência, o objectivo vale a controvérsia. Os políticos de topo, para não perdermos tempo com os outros, já nos habituaram que, as verdades e inverdades, são actos de amor ao país, de preferência grudados ao exercício do poder.

O Governo primeiro e o seu parceiro do PEC, ainda não totalmente em linha porque joga na primazia eleitoral de ser este a dar a cara, desbaratam formas de entendimento, degladiam-se em público e amam-se em privado, na pressa de dar um contributo de justiça às contas do país, claramente injustiçadas pelo compadrio dos seus desgovernos.

Depois de derrubado o dia 1 de Julho e sem que a aliança PS/PSD fraqueje, o brilhantismo ressurge em torno da redescoberta da pólvora, no caso, partir os movimentos de contestação e o profundo desacordo popular nas regiões atravessadas pelas SCUT.

Num país confrangedoramente pobre e a todos os níveis endividado concertadamente, descobriram que afinal há regiões mais pobres que outras e dentro destas, concelhos mais pobres que outros.

Se Faro e Loulé saírem à luta, Olhão e Vila Real vão deixar de ter razões, o mesmo acontecendo pelo país acima. Para o Governo PS e para o PSD, as suas razões são nacionais e para Faro e Olhão, as razões são agora concelhias. A ideia de Algarve que estes senhores têm, que encaixa na estratégia de bem servir a pátria, reside nas desigualdades fomentadas por eles e trazidas na conveniência de dividir para reinar.

E agora sr. Miguel Freitas, poderá a UE contestar esta velha ideia de baú? E que orientação seguirá o instinto de Manuel da Luz, presidente de um concelho rico e de uma Câmara falida por muitos bons anos?

E o que fará Mendes Bota, já com cargo assegurado no futuro Governo de Passos Coelho, que disse rejeitar para a A22 o princípio do utilizador/pagador e ouve o chefe avisar que “ou pagam todos ou não paga ninguém”? Porque não insiste no não paga ninguém? Ou será que vai alinhar no aprofundamento da justicialidade, critério que não é usado noutras áreas da vida, em concreto para os desempregados, aceitando para si, louletano, a ideia de pagar e que os seus apoiantes, os algarvios e a população em geral, sejam divididos em ricos e pobres?

Com a evolução na confusão, o turbilhão de propostas, incluindo a da isenção de empresas e residentes, voltaram para o caixote, sobressaindo uma fotografia de família desorientada e sem ideias para a culpa.

Como os cofres do Estado clamam pelo vazio no abuso da sumptuosidade e os poderosos não estão dispostos a peditórios, o slogan da salvação do país tomou todas as estruturas, que entraram no debate viciado de pôr de parte a acusação sobre os responsáveis nacionais pela crise e o seu papel nos custos.

Na ausência de seriedade e das ideias para as soluções, assistimos ao triste espectáculo da política caseira ser, como sempre foi, um jogo de o ladrão e o colega que fica à porta, tramarem o assaltado, a quem pelas regras não dão ouvidos, a não ser que este não se conforme e se faça ouvir, com as armas que dispõe.

O sr. Assis, um dos tais de topo, não gostou da figura de linguagem vinda de um correlegionário eleito, “da motosserra na bagageira”, porque prefere e vive da retórica do Estado só com direitos…


FORUM ALBUFEIRA

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