sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A cerimónia


Na passagem de má memória pelo dia 21 de Agosto, quando faz um ano que cinco portugueses foram vítimas da incúria do Estado, onde se deve incluir a autarquia gestora do concelho, decidiu esta, levar a cabo uma cerimónia no local do acidente – a praia Maria Luísa.

Com o local retocado à posteriori, o que levará à ausência da arriba assassina para testemunhar a sua irresponsabilidade e sem que conheçamos quem são as outras autoridades que ladearão a autarquia representada ao mais alto nível, esta cerimónia parece-nos de todo deslocada, quando se afirma nos seus fins, que se pretende lançar alertas para toda a população.

Tantos meios e locais que há para lançar alertas, a escolha do sítio exacto que deveria ser de recato e memória dos familiares e amigos ou de protesto para os demais cidadãos, revela pouco cuidado dos cúmplices da falésia.

Não se conhecem publicamente os actos de solidariedade e de compensação para com as famílias enlutadas mas, conhecem-se as medidas repressivas tomadas pelo Governo, lançando o ónus da responsabilidade para as costas dos incautos cidadãos veraneantes, como que a desculpabilizar-se da tragédia ocorrida.

Para cumprirem os objectivos que se propõem no pretenso pesar, a presença da imprensa será inevitável, dando largas ao aproveitamento das imagens de personalidades alinhadas, para fins menos claros.

A cerimónia, que se pretende identificar com os sentimentos de perda e a repreensão para o futuro, baralha os argumentos e não passa de um acto despropositado para consumo propagandístico.

De lamentar!


FORUM ALBUFEIRA

1 comentário:

Anónimo disse...

Nos tempos do salazarismo toda a pieguice tinha um sentido. Manter a coesão do Estado Novo. O sentimento e o "coraçãozito" substituíam a cabeça e a consciência crítica.
Esta coisa de fazer uso da morte (de outros) para nos perpetuarmos no imaginário colectivo dos que votam em nós, é, de facto, uma hipocrisia e uma demonstração "dos sem vergonha". Quanto aos conceitos evangélicos que o edil de Albufeira teima nem não praticar ou desconhecer, embora goste de missas, aqui aplica=se a do RESPEITO. Sera remorso ou consciencia pesada... Em tudo e para com todos,O que foi feito é desrespeito pela memória das pessoas. Das que se foram e das que ficaram. Não há direito que um autarca com 3 mandatos já faça tudo o que lhe vem à ideia. Sonhou, assim pensou, e pronto. O que contamos nós para este autarca?
Onde mora a simplicidade e o respeito pela vida e pela morte dos outros, no jogo sujo da política deste senhor? Fazer uso do sofrimento e da dor das pessoas nao lhe parece algo de cruel e desumano, sr Desid]erio Silva?!! O Sr tem que ouvir os outros. Mesmo que eles se situem fora do seu rebanho. Por estas e outras nao lhe auguro muito mais sucesso politico. U quer este pav\ao ser deputado!
Não tenho qualquer dúvida de que este Sr se perpetua no poder porque o povo vota naqueles que o oprimem, A pedagogia do oprimido n\ao foi ensinada nem aprendida nas escolas deste concelho. Investem tal e qual como desejavam ser ou ver-se. Nada melhor do que um parolo para que os parolos nele se revejam. . .