segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A dívida e a intoxicação


Para se compreender os objectivos da novela interminável à volta da teoria da dívida externa e da dívida pública portuguesa e de quem a deve pagar, é preciso perceber que o mês de Setembro de 2008, representou tão simplesmente o fim de linha dos jogos financeiros das elites económicas e da classe política que lhes obedece e aproveita, chamando-lhe convenientemente de crise.

Durante anos foram contraindo dívidas, pedindo dinheiro emprestado nos mercados externos e interno, cujos valores representam mais de 80% da produção nacional, que todos temos consciência que não foram usados para usufruto da população portuguesa mas para o financiamento das actividades capitalistas nacionais e estrangeiras instaladas.

Como nos lembramos e depois do rebentamento da bolha financeira externa, a classe dirigente na economia, na alta finança e na política, apressou-se a apregoar a falsidade de que a crise vinha de fora, quando os fundos dos cofres nacionais estavam rapados pelo despesismo público, pelos jogos perigosos da Banca e pelo aproveitamento das janelas de mordomias pelo grande capital.

A classe política que dirige o país, no seu leque partidário, escondeu os resultados da sua actividade e quando confrontada com o aumento das exigências dos credores externos e pressionada pelas mais variadas formas ao dispor destes, os contratos políticos, os golpes das rating, a chantagem dos juros e o fantasma da expulsão do euro, encarregaram-se de cercar os raciocínios dos portugueses, aterrorizando-os com a apocalíptica imagem de não termos outra saída senão vergar às medidas terroristas que o grande capital desenhou para lhes pagarmos a dívida e os continuarmos a engordar com a exploração dos nossos recursos em seu proveito.

Esta é que é a questão de base da dívida, o tomar por dentro a nossa economia, destruir as nossas forças produtivas e substituí-las pelas importações e o desequilíbrio da nossa balança de pagamentos.

Processos que se requintaram com a entrada na UE e os nossos políticos a construírem a cada passo a situação de enredo legislativo e o elevado endividamento a que chegámos.

Com os trocos do saque, os políticos obrigaram-se a construir as estradas para a penetração das mercadorias, ofereceram terrenos e isenções de encargos para exploração da mão-de-obra barata, engordaram as estruturas do Estado com os fiéis partidários e com os empréstimos estrangeiros fáceis injectados na Banca, aliciaram-se os portugueses ao necessário consumismo, gerador de receitas para o encobrimento da farsa das políticas governativas de subserviência e indispensável para manter toda esta máquina capitalista em funcionamento.

Os políticos enterraram-nos na crise construída à distância e agora, com o mesmo desplante de sempre, sabendo que a troco de 30 dinheiros entregaram o ouro ao bandido, reclamam hipocritamente os sacrifícios sobre o povo português.

A dívida não é do povo porque foi fabricada à revelia das suas decisões e à custa da sua exploração! Quem a deveria pagar? Quem se apropriou dos chorudos rendimentos do trabalho e os levou para outras paragens!

O povo português não deve ceder à chantagem partidária (as divergências entre os partidos não põem em causa a crise da dívida mas as formas de a pagar) de aceitar ainda mais exploração e miséria para a satisfação do capitalismo voraz e insaciável.

O povo português deve reclamar por uma política patriótica, de rejeição de uma dívida que não criou e de reconstrução do tecido económico e financeiro do país, no respeito, igualdade e reciprocidade nas trocas comerciais e no relacionamento político devido entre nações.

Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

A análise é fixe e quem vai perceber? a multidão vai continuar cega do medo de perder tudo. Por ouvir as verdades não arriscam nada. Aqui ha mais medo que em França e em verdade perdemos todos. Tambem quando o saco encher é ve-los a fugir.
AM