sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A força da Greve Geral


Depois do vigor da grande jornada de luta que foi a manifestação de 29 de Maio passado, os sectores mais avançados da classe trabalhadora que saiu à rua para exigir novas políticas, formularam a necessidade de convocação de uma Greve Geral.

O desenrolar da crise económica e financeira do país e os conluios da classe dominante para aplicarem os custos sobre os sectores mais desfavorecidos da sociedade, têm vindo a precipitar a revolta, sinais que a CGTP e UGT não podiam mais ignorar, sob pena de se desmascararem do colaboracionismo e da inércia passada.

Com os trabalhadores de todos os quadrantes a gritarem os seus protestos, saiu a marcação do dia 24 de Novembro.

A nova jornada de luta de 24 de Novembro é uma vitória dos trabalhadores, não pode estrategicamente confinar-se ao movimento sindical e tem de constituir um passo do movimento popular de descontentamento, alargando-se a todos os sectores da vida social e económica, dos reformados aos pequenos e médios empresários, das mulheres ao movimento estudantil e à intelectualidade democrática.

A divulgação, a preparação e a mobilização para a Greve Geral reveste-se de particular importância no actual contexto da luta política, tem de envolver as energias de cada português, para retirar o centro de gravidade da discussão do interior dos gabinetes do Parlamento.

Os objectivos da Greve Geral têm de constituir-se numa voz de propostas concretas dos trabalhadores para a definição de políticas ao seu serviço e derrotar as soluções de intensificação da exploração do povo, negociadas pelos causadores da crise e que se arvoram em nossos salvadores.

Uma Greve Geral, se é um dos instrumentos de reacção popular poderoso, pode também ser instrumentalizado por forças políticas de uma falsa esquerda, ciosos de participarem e jogarem os interesses dos trabalhadores a favor das suas estratégias de poder.

As ideias avançadas de um alvo menor para uma Greve Geral, assustar a burguesia, na boca de um responsável, são claramente desviantes da consistência do alvo central de afirmar que o trabalho quer discutir o seu futuro em todas as frentes que lhe dizem respeito.

Se a movimentação popular de 29 de Maio não se desenvolveu em volta do principal palco político, o Parlamento, onde discutem a política pelo povo e quase sempre contra ele e por total falta de convicção dos organizadores, a Greve Geral, como objectivo mínimo, tem de pôr em causa a autoridade do poder sobre as suas intenções para o Orçamento de 2011 e futuros.

A Greve Geral, tem de ter consequências políticas para além da revolta e das palavras de ordem das 24 horas de 24 de Novembro.

As horas seguintes, são o espaço de inferir o papel da direcção que, ou resultará em novas acções e exigências que sirvam a imensa maioria da população ou, voltou a usar uma força de transformação para formas de sublimação do poder instalado.

Luis Alexandre

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