quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os sobressaltos do Turismo regional



A vinda a banhos dos portugueses para o Algarve, que no aproveitamento da crise beneficiaram do excepcional boom de ofertas postas à disposição, ao entupirem em Julho e Agosto partes da região, satisfizeram o ego e a parte do bolo do Governo como atordoaram alguns críticos sediados nas estruturas económicas e sociais do sector.

A quebra acentuada da procura externa ao longo do ano e de forma agravada na estação alta, minorada pelo trabalho das low-cost, foi relegada para a penumbra dos resultados globais, quando deveria cavar a discussão das suas razões e efeitos.

Um ambiente de preocupação pairava sobre o Turismo regional para 2010 que, depois das marcas negativas da crise das cinzas impulsionou um apelo presidencial, embalado na falta de rendimentos do mercado nacional para outras paragens.

Se o Governo se ficou pelo contentamento dos seus objectivos e os insinua como pertença das partes, os intervenientes do sector, para além do elemento-tipo do alojamento, que enfrentam um ano inteiro de encargos e diminuição global de receitas, não só não concordam como se podem considerar intranquilos com a falta de ambição das políticas actuais e as de lançamento do futuro.

O recente episódio do cancelamento das operações de Inverno de dois dos mais prestigiados e velhos parceiros - a TUI e a Thomas Cook -, independentemente do desconhecimento geral se as razões de base são de conflitualidade ou desacerto de negociações e interesses, mereceram do Secretário de Estado do Turismo a despreocupada consideração de que as duas companhias de aviação low-cost a operarem no Algarve, irão assegurar 500 mil lugares nas suas linhas.

Percebido o jargão oficial, o que os agentes no terreno sentem sobre o assunto é desconfiança sobre a perda e se foram envidados todos os esforços para sanar desencontros. Lembramo-nos que no Inverno passado, em pleno mês de Dezembro, uma comitiva de 200 agentes da Thomas Cook passearam-se por Albufeira e possivelmente por outros lugares, para atestarem a capacidade de receptividade aos seus clientes.

Consumada a fuga de clientes para outros destinos e sem desprimor para os putativos 500 mil lugares que não significam 500 mil visitantes, o que a consumar-se dará uma média de 2.780/dia ao longo dos próximos 6 meses, temos de considerar a desproporção para justificar o funcionamento das estruturas de oferta a todos os níveis.

Perante mais um contratempo para a sazonalidade que nos afunda, fica a sensação de que muito ficou por planear e fazer, com o incidente a levantar de novo a polémica da organização dos hoteleiros sobre as vantagens e quem deve participar no processo da criação da central de reservas, numa ligação directa aos consumidores e aproveitando as novas ferramentas de oportunidades da internet.

Todos parecem estar de acordo com o passo (muitos anos atrasado e que deveria ter acompanhado o surgimento das low-cost), mas as rivalidades partidárias de quem controla quem e o quê, levantam as barreiras que muito têm contribuído para que o sector seja controlado à distância e não consiga desenvolver-se em permanente renovação pelo papel principal das forças locais.

Ao final de cada estação, quando a hora seria de balanço, afinação e lançamento de novas iniciativas previamente elaboradas, rebentam-nos mais bombas sobre a crise que muitos teimam em esconder, não olhando para os números do desemprego no sector, da diminuição no tempo de trabalho e dos salários bem como o aumento do incumprimento das responsabilidades sociais e financeiras das empresas.

Entre as forças do sector ainda existe perplexidade e falta de iniciativa para contornar a nocividade da primazia das disputas partidárias que funcionam como travão ao Turismo sustentado.


FORUM ALBUFEIRA

1 comentário:

Anónimo disse...

sazonalidade e não só !!! ... com as medidas que irão ser impostas pelo governo britanico, iremos ter uma diminuição substancial do fluxo do Reino Unido. No que diz respeito ao income da Escandinavia, vamos nos confrontar com o cancelamento do destino, pela Tui no que diz respeito à Noruega e Finlandia. O unico Operador original Dinamarquês que opera desde 1988 para Albufeira, vai deixar de operar, em virtude da concorrencia das reservas on-line nos Hoteis em que tem acordos comerciais, assim como a abertura da linha low-cost Billund-Faro.
Perante a realidade actual, de certa maneira foi benéfico a abertura de low-costs em destinos que não eram acessiveis ao Algarve, mas passou a ser altamente prejudicial a concorrencia feita pelos mesmos aos Operadores com voos charters ( subsidiada pela ANA ), que mantinham as Unidades Hoteleiras com um certo volume de negócio constante de Abril a Outubro.
Cá estaremos ( eventualmente só alguns empesários !! ), para ver a realidade final de 2011, na qual não será de augurar bons resultados.