quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Orçamento Coca-Cola


O centro da luta política após a rentrée, desenrolou-se à volta das ordens exteriores para a fabricação do Orçamento para 2011, que sem rebuço, terá de congregar uma maioria parlamentar, com ou sem muleta e com ou sem abstenção.

PS e PSD, sem maneira de fugir às responsabilidades, se foram capazes dos desmandos na alternativa governativa, levando ao extremo as exigências externas de desmantelamento da nossa economia e de produção da astronómica dívida, estão vergados a concorrer nos termos de obrigar ao pagamento.

Os últimos dois meses têm proporcionado um espectáculo pobre da hipotecada democracia parlamentar burguesa, sob o comando do concubinato PS e PSD e os restantes partidos interessados em meter pitada no caldeirão do Orçamento, considerado indispensável para pôr o país na ordem, não contando às ordens de quem e porque razões.

O telefilme do Orçamento, que envolve a maior rede de conselheiros, telefonemas, ordens e contra-ordens, combinações e conspirações, impositores e impostores, portas fechadas e montagens, só chega ao povo português por imagens trabalhadas pela informação, porque estes assuntos são superiores e não devem estar ao alcance da plebe.

A charlatanice dos autores da produção é a mais grave concebida em Portugal, porque sabem dos riscos do insucesso. O que importa é manter a ideia do caos para o país, de que o povo é culpado e que não tem saída senão aceitar a liderança e os pressupostos do Orçamento que todos teimam em afirmar ser muito mau (!?!?) . E para quem, se os privilégios continuam intocáveis?

As negociações do OE foram um proforme carnavalesco para o grande ensaio geral parlamentar, onde PS e PSD sabem que têm um compromisso, o que não invalida o papel de cada um na luta pelo poder.

O arrumado desencontro dos 500 milhões, um pormenor que mantém os raciocínios presos à ideia de necessidade de um Orçamento, constitui mais um subtil meio de envolver a opinião pública e desviá-la da intenção de o combater por todos os meios.

Ao povo português está reservado o papel de acompanhar o debate das eminências ao mesmo tempo que os órgãos de comunicação se conjugam no esforço de mostrar as famílias modelo, que se preparam para poupanças (?!), cortes nos luxos (?!), consumir marcas brancas, cortar no lazer em família, renunciar à qualidade e quantidade do vestuário, num corropio de educação para a aceitação da injustiça e violência das medidas que foram tramadas.

Os 500 milhões, concordam as duas partes, não podem sair de mais impostos (as farmacêuticas, a Banca e as multinacionais suspiram de alivio) mas seguramente sairão da redução da prestação de serviços do Estado à população.

A caminho de descalçarem o aperto do OE e sentados sobre o vulcão social, as tricas parlamentares são parte da prolongada campanha eleitoral do próximo ano. PS e PSD continuam a manipular o país perante os olhares desconsiderados, mas participativos, dos seus parceiros de viagem. O regime tem de sobreviver… é a convicção instalada… porque oposição, só nas instâncias oficiais…

Contudo, honra lhe seja feita, o PSD assegurou um consolo aos portugueses, a Coca-Cola não vai aumentar de IVA…

O resto e o que está para vir, são medidas indispensáveis, que se os portugueses ousarem contestar nos locais de trabalho ou na rua… terão a devida resposta de autoridade.

Luis Alexandre

Sem comentários: