quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Desidério Silva, o Bob construtor



No espaço do Salão Lisboa – Imobiliária, o presidente da Câmara de Albufeira, fez a segunda apresentação de dois dos seus projectos – o Museu do Barrocal e o Palácio de Congressos -, agora com relevo nacional, quando estes já têm três anos de publicidade local, estiveram no programa eleitoral do ano passado e ainda noutra ocasião, justificaram pompa e circunstância com a presença dos arquitectos.

Os cidadãos nacionais, por razões de distância e desconhecimento, e os locais, por razões de alheamento, não descortinam a profundidade estratégica deste pretenso investimento da autarquia ao lado dos padrinhos da ERTA.

Com a crise geral tendo por origem o motor do imobiliário especulador, havendo uma série de projectos em curso em Albufeira sem o sucesso esperado pelos seus promotores e o imperativo de satisfazer clientelas, de abrir novos espaços de construção para o futuro, levaram Desidério Silva, pela sua formação de desenhador e fortes cumplicidades no sector, a desencadear mais esta investida sob a capa de ideais estruturantes para o concelho.

O Museu do Barrocal, cuja ideia foi lançada por uma vereadora despedida no primeiro mandato, não foi recuperada inocentemente e se sobe a uma montra de outra dimensão e acompanhada da intenção de criar o absurdo da marca Paderne, tem o claro propósito de lançar projectos imobiliários complementares e especulativos, dentro dos limites da aldeia e da freguesia.

Paderne é uma aldeia muito criativa, por força da capacidade de iniciativa dos seus moradores que resistem ao isolamento, tem variadas carências estruturantes sem respostas e o que lhe oferecem, a pretexto de uma boa ideia, é a provável massificação urbanística, à semelhança do desconcerto do litoral concelhio.

O Palácio de Congressos, outro empreendimento da espiral dos sonhos presidenciais, ainda que todos lhe reconheçam um papel estruturante, fundamentalmente para o longo período de sazonalidade, as actuais condições financeiras da autarquia podem não aconselhar o avanço.

Este projecto, que também ganhou dividendos eleitorais, pela sua localização em área de expansão no renovado eixo viário de entrada norte da cidade, bem perto do resort EDEN, propriedade de grandes amigos do executivo, é mais outra manobra da estratégia do PSD para a valorização da zona e justificar na opinião pública a alteração do PDM, onde está previsto um número horripilante de mais 5.000 apartamentos e moradias.

Já há dois anos o presidente da Câmara levou à Galiza o apoio institucional da autarquia na promoção deste empreendimento, sem que se saiba se todos os outros recusaram a presença.

Nas questões públicas, a transparência e limpidez de processos são premissas que em Albufeira andam desafinadas, tal como o uso dos dinheiros públicos, que com o despesismo e derrapagens em muitas das obras, levam ao sufoco de outras possibilidades estruturais.

A autarquia e o seu presidente confundem as maiorias absolutas sem oposição com desempenhos que suscitam dúvidas no extravasar das funções, dando razão às opiniões de que anda enredado na oferta do lugar de deputado, que julga merecer na roleta das fidelidades e socorre-se de todos os meios para se promover, envolvendo o interesse do concelho mais turístico do Algarve como trampolim para as ambições.

A presença do investimento autárquico num salão imobiliário (?!), para apresentar iniciativas públicas, tem objectivos promocionais escondidos da simplicidade da compreensão da maioria dos munícipes… mas mais uma vez o tempo se encarregará de explicar.

FORUM ALBUFEIRA

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