quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A morte anunciada


O Governo PS sabe que a certidão de óbito está para breve. Os seus membros encarregam-se de o provar.

Mais do que a diversão das declarações a propósito da crise, ainda que apontadas a uma estratégia de sobrevivência e possivelmente concertadas, o que está em causa são os seus conteúdos de desorientação e de incapacidade em lidar com a situação e as soluções que criaram.

O desconcerto governamental e das hostes do partido que reclamam demissões em fogo cruzado, não recebe clemência dos credores e seus agentes especuladores, como tem tido consequências no agravamento dos valores da dívida pública que contraíram.

O parceiro de concertação dos PEC e do OE para 2011, o PSD, na qualidade de lídimo representante do grande capital moderno e partido da sua confiança, feito o trabalho de esforço nacional a que o obrigaram, refugiou-se no silêncio estratégico de reconhecimento internacional e de fermentação da contestação popular que lhe disparam a tendência de escolha.

A desmotivação de uns contrasta com a ansiedade escondida de outros, quando o arco social e económico do país se desmorona e ainda longe da miséria arrasadora em que 2011 é apenas o ano zero.

Os resultados da subserviência económica e financeira tiraram a arrogância a José Sócrates e ao PS e desnudados da sua camuflagem de socialistas, jogam mão de todos os truques da política, preparando o realinhar das fileiras e da sucessão, enquanto encenam uma manobra que sabem coroada de insucesso, de convite a um frentismo de salvação nacional.

O PS, no estertor da agonia e do completo desmascaramento, sabe que não é boa companhia como sabe que a execução do OE, o levará ao isolamento e ao topo da ira popular.

O PSD rejubila na alternativa de poder e na falta de memória do povo, o CDS espreita um espaço e a falsa esquerda - BE e PCP -, salivam o esforço de conselheiros da sua referência de aproximação ideológica que não os atende.

Com as referências europeias em convulsão, a desconfiança dos principais países saqueadores em pressão e uma cavada divergência quanto ao funcionamento e propósitos da comunidade, que nunca dependeram da nossa voz, os políticos portugueses sentem-se órfãos e desorientados para enfrentarem as responsabilidades que lhes são acometidas.

Com o Governo PS falido e o povo trabalhador em vésperas de sair à rua para protestar as políticas de sobre exploração inscritas nos acordos feitos com o PSD, a hora é de se equacionar a formação de um Governo Democrático e Popular, formado por partidos e personalidades que jurem cumprir uma política de independência nacional, revisão de todos os contratos internacionais que lesem os nossos interesses de crescimento e sustentabilidade, que analise os fundamentos profundamente injustos da chamada dívida, que obrigue as multinacionais e os investidores externos e internos a pagarem os impostos devidos à nossa economia, que elabore um plano nacional de relançamento das energias e conhecimentos do povo para a recuperação do tecido industrial, da produção agrícola, das pescas, da produção naval e portuária, da reabilitação urbana entre outras vertentes e, finalmente, estabelecer relações bilaterais com todos os países numa base de reciprocidade justa e duradoura.

A continuação das ilusões e de que os nossos problemas estão no pagamento da dívida, é claudicarmos da nossa emancipação e só nos leva a mais exploração e humilhações.

O dia 24 de Novembro tem de ser uma jornada de luta pelo derrube deste Governo e das políticas celebradas com o PSD e demais servidores do sistema democrata-burguês.

Luis Alexandre

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