sexta-feira, 19 de novembro de 2010

The underground force


A região algarvia, que tem sido acossada por uma série de incidentes que lhe têm colocado problemas acrescidos no contexto de crise financeira mundial, voltou a ser maltratada com o tempestivo despedimento de mais de 330 trabalhadores da empresa de handling, Groundforce.

Esta empresa, detida pela TAP, a transportadora nacional de bandeira que tem delapidado centenas de milhões de euros com a sua actividade comercial nos últimos anos, resolveu dar o golpe de misericórdia na sua subsidiária em vésperas de fim-de-ano e no decurso da preparação do dossier para a sua privatização.

A contrição do presidente da TAP, Fernando Pinto, e a frieza e golpismo dos Ministérios envolvidos na operação de tentativa de colocação da empresa no mercado, são uma forma de desfaçatez com que o capital e os seus políticos representantes tratam os trabalhadores deste país, usados como mera mercadoria, abusando das razões sociais e das leis e evidenciando a incúria e impunidade do papel das empresas do Estado.

Com o mais grave registo de desemprego da História do Algarve e a falta de medidas concretas para debelar o acumulado de problemas que afectam a actividade turística, de que o episódio recente de suspensão das operações de duas prestigiadas agências é um indicador incompreendido e mal recebido, o despedimento planeado, fundamentado em razões economicistas e da responsabilidade do proprietário Estado, mostra bem o desprezo por uma região que prestigiou o país na arte de bem receber e projectar o nome e a economia do país.

A empresa titular da Grounforce, justamente acusada de não fazer investimentos na sua rota a partir de Faro, refugia-se em números que ela própria fabricou na sua incapacidade de análise e de se adaptar aos mercados e, como não lhe interessou procurar ideias, acabou por deixar afundar o barco, servindo os objectivos da sua estratégia subterrânea de se libertar de encargos para o apetite dos investidores.

Todo este plano não é inocente, tem de merecer o repúdio dos trabalhadores em geral e a exigência de criação de um plano de reestruturação da empresa para a defesa dos postos de trabalho.

Luis Alexandre

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