sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A22, a estrada pariu um rato?


Estará a A22 armadilhada pelos pórticos e pelos estados de alma dos políticos?

A contratualização dos pórticos e as queixas de não serem ouvidos pelo Governo, levou os (in)suspeitos presidentes de Câmara, repartidos pelas cores políticas laranja e rosa, capitaneados por Macário Correia, presidente da AMAL, a inflectirem as suas posições de princípio (?!) no apoio, para a surpresa radical de incitar a população ao não pagamento de portagens.

Mais uma desconsideração entre muitas, praticada pelo Governo que sabe que noutras ocasiões e matérias e com outros Governos, os mesmos nem se quiseram fazer ouvir, levou a entornar o caldo, faltando avaliar se esta é uma posição ponderada nas estruturas distritais dos respectivos partidos, o que é pouco crível, e qual o grau de envolvência.

Mendes Bota deixou a pasta em silêncio sobre os desenvolvimentos do processo, o seu sucessor eleito tem rabeado sobre assuntos colaterais e nunca se exprimiu com clareza sobre este, que domina a actualidade política na região e, Miguel Freitas, o último moicano socratista que cairá na região, tem uma opinião vincada de obediência às decisões do Governo.

Numa evolução natural e em acompanhamento do processo negocial de envolvência de PS e PSD sobre os PEC e o OE para 2011, onde está contida a combinação sobre as portagens, os autarcas que compõem a AMAL foram produzindo declarações e alinhamentos desfocados mas que tinham uma direcção final, a aceitação das portagens. Em Olhão regozijava-se pelas descriminações e em Albufeira e Portimão insistia-se no sim condicional, com a AMAL sem uma opinião oficial e objectiva.

Nada faria prever a decisão avançada pela AMAL, quando as convicções dispersas aceitavam as portagens e a troco do investimento na EN125, fechando os olhos à verdade indesmentível de que qualquer requalificação não tirará o estatuto consolidado de se manter como uma rua da morte.

Uma verdade qualificada, é que esta decisão sabe do volume de descontentamento instalado na população e da sua transversalidade nas linhas partidárias, o que no futuro trará consequências de credibilidade política dos envolvidos.

Outra verdade experiencial é a pouca expressão de implantação de uma comissão de utentes com a gestão pouco táctica de individualidades com o tal GPS oferecido pelo BE, cujas duas acções práticas têm tido mais impacto na imprensa e televisão do que em mobilização do elevado descontentamento.

Na realidade, o que era tomado por uma eventual resignação da população por falta de direcção credível, com este acto da AMAL, que de todo não se definiu nem adiantou medidas organizativas de aplicação prática, tornou-se num botão incendiário do descontentamento e de comprometimento dos autarcas com uma decisão que colide com as forças centrais partidárias e a decisão governamental, que estarão apreensivas com as formas de evolução do que eram favas contadas.

A situação criada gerou um volume de responsabilidades que, se o propósito de empenho com uma programação de acção não for para a vitória final - a revogação das portagens -, a armadilha rebentará nas mãos dos que se afirmaram dirigentes.

Luis Alexandre

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