quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Wikileaks, um tiro no porta-aviões


O fenómeno Wikileaks, trouxe à luz do dia toda a engrenagem de funcionamento de apenas alguns aspectos das zonas vitais da obscuridade e defesa de todo o sistema capitalista.

O mérito da onda que revoluciona a compreensão dos cidadãos sobre métodos, ausência de escrúpulos e a base permanente de conspiração de tudo o que se move, é exactamente mostrar toda a hipocrisia e mentira com que os poderosos interesses mundiais se organizam e o facto do epicentro serem os EUA.

As denúncias sistemáticas e à escala mundial não têm como ser desmentidas, estarão a provocar uma azáfama extraordinária em tudo o que são serviços secretos, pela incomodidade de líderes políticos, financeiros e militares e muitos dos seus serviçais instalados nas fortalezas nacionais espalhadas pelo mundo.

Às denúncias seguem-se os coros de desmentidos, que tomaram grandeza de primeiras páginas na generalidade da comunicação social dos países dos embaraçados, com repercussões de larga escala e de enorme dificuldade de contrariar.

Com a confusão instalada no seio dos profissionais da conspiração a favor das encomendas, os amadores apanhados nas teias, trazendo a lume a relevância nacional, têm distintas teatralizações que vão da gaguez e inconsistência do chefe do BCP sobre negócios com os proscritos do Irão (práticas comuns na Banca), a clarividência do CDS que se revê no secretismo do papel da diplomacia para a sobrevivência do sistema capitalista e o habitual estilo socratista de enfrentar a altura das ondas, substituindo o tema por outro de valor acrescentado sobre os sucessos da sua governação, no caso, o sucesso de acrescentar a grande China à lista dos nossos credores, que se sobrepõe à política de quatro patas sobre voos da CIA ou os contornos políticos de uma investigação da esfera policial e da lei, sobre o desaparecimento de uma criança estrangeira em território nacional.

Cavaco Silva, o nosso presidente, mostra-se boqueaberto em frente das câmaras pela incompetência dos EUA em deixarem ao desabrigo os seus segredos, dando a entender ao país mais uma das suas competências, a de ter os seus segredos do género bem guardados e quando confrontado tratou de resolver o assunto dos microfones.

A Wikileaks terá chegado a uma parte das pegadas da permanente confabulação que permitem aos EUA obterem a hegemonia e referência económica para todo um sistema dependente da sua organização e capacidade bélica de agir.

Os aliados, fingem-se chocados, engolem (casos de Cavaco e Sócrates que se supunham em boa conta e não meros peões sujeitos a avaliação dos patrões) e apelam à reorganização que reponha as ordens de comando do castelo de controlo da economia e finanças mundiais, porque também estão em causa os seus privilégios.

Neutralizada a Wikileaks, um passo já em marcha, os fins prosseguirão por outros meios.

A Wikileaks só surpreende e escandaliza os ingénuos, o que não lhe retira a contribuição para a compreensão dos bastidores do pensamento da alta finança que domina o mundo e trata os políticos como instrumentos.

Luis Alexandre

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