segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um mês depois da Greve Geral…


Com 3 milhões paralisados e outros tantos a apoiar, numa acção contra um Governo desacreditado pelas suas políticas, situação que não se alterou e só se agravará, que resultados cobrou o descontentamento popular?

Das duas linhas sindicais mais representativas, porque estiveram outras envolvidas na divulgação e definição de objectivos políticos para a Greve, a UGT saltou fora e rapidamente se realinhou com a corrente política do Governo e aliados do PSD, tal como a CGTP, depois “de assustar uma certa burguesia”, ambas, cada uma à sua maneira, voltaram aos eixos das suas propagandas e objectivos: criar as condições para a sustentabilidade do sistema parlamentar burguês, oferecendo os préstimos dos trabalhadores por si controlados, depois dos amouchar nas suas exigências próprias para a solução da crise que não criaram.

Mais de 30 dias decorridos sobre a Greve Geral, novos ataques políticos foram dirigidos aos rendimentos do trabalho sob a capa do reforço das medidas para o emprego e sustentação das empresas, que tiveram o apoio explícito da UGT e a velha atitude de contestação de braços caídos, por parte da CGTP.

Mais uma vez o movimento popular de descontentamento foi usado e desviado dos objectivos centrais de imporem sobre o regime uma plataforma reivindicativa própria, em torno da qual as forças políticas teriam que se recolocar e fazer prova dos seus paliativos e filosofias.

O que assistimos nestes 30 dias foi, ao elogio do comportamento cívico da CGTP e do principal partido que a controla, o dito partido comunista, vindo dos círculos do poder e do PSD, enquanto o Governo preparava o novo pacote de ataque aos interesses dos trabalhadores e já anunciou a necessidade de mais medidas de combate à crise no próximo ano.

Com os indicadores de pobreza a subirem em flecha antes de iniciar o pacote traçado para o princípio do ano de 2011, cujos impactos lançarão na falência muitos mais milhares de empresas, com muitos trabalhadores fora dos apoios sociais e os prováveis salários em atraso, a perseguição aos desempregados para lhes arrancar os subsídios e a forte possibilidade de despedimentos na função pública, com destaque para as autarquias, a maior parte em situação de falência ou pré-falência, a situação avança para a explosão social, à semelhança de outros países da UE nas mesmas condições de revolta pela injustiça do pagamento da crise do capital.

CGTP e UGT são dois velhos instrumentos que vêm acumulando derrotas para os trabalhadores (interprete-se a guerra em torno do miserável salário mínimo que obteve 10 euros de aumento), a coberto de uma linguagem de pretensa discordância, enquanto os capitalistas se armaram de instrumentos económicos, jurídicos e políticos para a exploração desenfreada que gerou a actual crise.

Estas duas centrais têm que ser associadas à gestação e encobrimento da crise, à falta de objectivos claros, do ponto de vista do trabalho, para a sua solução.

Pela vontade e acção das actuais direcções destas centrais, qualquer PEC, o OE para 2011 e as próximas medidas de agravamento das condições de vida da população vão ser todas concretizadas, esforçando-se por voltarem a encabeçar o desgaste das energias de contestação.

Como é possível que 3 milhões de activos e outros de suporte não consigam impor o seu próprio programa contra os dos partidos que nos conduziram à bancarrota?

Porque só os trabalhadores podem resolver a crise.

Luis Alexandre

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