sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quem construiu os privilégios no privado e falha no público?



Educação: Separar as águas, numa “guerra” que tem dado que falar…

Tem dado que falar a “guerra” que uma parte do ensino privado está a travar contra o executivo de Sócrates. Sobre ela fala-se muito, mas talvez se acerte pouco…
Em Novembro do ano passado o governo, no quadro do OE/2011, aprovou um diploma que veio alterar o modelo de financiamento do ensino privado. Como se sabe, tal suscitou protestos, os quais continuam a ter lugar ainda hoje (protestos que foram cavalgados politicamente por Cavaco Silva, com a ajuda da “comunicação social”, durante a última campanha eleitoral para as eleições presidenciais).
Fui indagar sobre o assunto e descobri que o Estado (nós, os contribuintes) financia o ensino privado existente (93 escolas, no caso em apreço) numa média próxima dos 120 mil euros por turma. No ensino público (que é suposto não servir para dar lucro) essa média ronda os 80 mil euros por turma. Depois vi na televisão que no concelho de Arruda dos Vinhos, por exemplo, não havia escola pública (creio que ao nível do ensino secundário), sendo que a única escola que existia era assegurada por privados.
Mesmo que se dê algum desconto a estes números, extraídos a partir de dados fornecidos pelo governo (o mesmo governo que andou a fechar escolas públicas, maternidades e centros de saúde, apostando agora tudo em arrogar-se “da “esquerda”…), creio que a conclusão primeira será sempre esta: andamos a financiar as escolas privadas mais do que as públicas. Isto constitui uma constatação “digna” da verdadeira realidade do tão badalado “Estado Social”... Depois, acresce que isto é uma vergonha, considerando que passaram já 36 anos depois do 25 de Abril e da instauração da democracia (democracia?!...) em Portugal, não acham?
E porque será que, entre outros, o município de Arruda dos Vinhos, em pleno distrito de Lisboa, não tem uma escola pública após tantos anos de “democracia” e de rios e rios de dinheiro vindos de Bruxelas? Eis uma pergunta à qual Cavaco Silva e seus seguidores na governação deviam responder, caso não fossem os hipócritas que são…
Portanto, a presente “guerra” tem muito que se lhe diga… Tem muito pouco de “justa” e de “popular” ainda menos. É urgente separar as águas.
Se existem (e estou certo de que existem) famílias trabalhadoras com os seus filhos a estudar nas tais escolas privadas que agora estão postas em causa, no todo ou em parte, pelo referido diploma do governo, a solução política de fundo que tais famílias devem reivindicar desde já do Estado e do governo, é só uma: queremos escolas públicas nos locais que ainda as não têm! A solução, neste particular, para as referidas famílias pobres (que das outras, para o que agora importa, não quero simplesmente saber) não passa por reclamar do Estado a manutenção dos apoios financeiros de que usufruem as escolas privadas - as quais, pela sua natureza, se destinam a proporcionar lucro aos seus detentores - sejam eles, como muitos são, empresários, a Igreja Católica ou quaisquer outras congregações. Creio até que muitos dos agora “protestantes” são acérrimos defensores da consigna «menos Estado, melhor Estado» … Ela passa, isso sim, por reclamar a existência da escola pública onde ela ainda não existe! E, é claro, uma escola ao serviço do povo e do país!
Julgo estar certo e ter-me feito entender. Força!


Leonel”

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