sexta-feira, 1 de abril de 2011

O papel das eleições no país considerado perto do lixo


Balde Do Lixo

Com a circunstância e a frieza habitual, Cavaco Silva, anunciou eleições em concordância com os partidos parlamentares. Num discurso sem autoridade, ultrapassado pelos factos criados pelo exercício da actividade social e política do Governo, que levou as dificuldades do país ao extremo com a cumplicidade do PSD, o presidente refugiou-se em conselhos e cumpriu um ritual.

Como havíamos escrito aqui, a planeada demissão do Governo com o apoio do partido que o sustenta, tinha como intenção criar condições eleitorais para uma recandidatura sobre falta de condições para trabalhar, embora sabendo que no imediato todos os especuladores que procuram a continuação do saque, o iriam aprofundar.

A chamada oposição parlamentar também sabia destas consequências imediatas e, uma parte desta, que andou de braço dado com a aplicação dos PEC e do OE para 2011, aparece agora, de forma hipócrita, a reivindicar a vitória da queda do Governo.

O resto da oposição parlamentar, que se procura supor de esquerda e funciona em função de emendar o PS, que chama a população a manifestar-se na rua e em greves sem lhes dar sentido político, rejubila-se pela clarificação que as próximas eleições podem trazer. Como se não soubessem que no quadro burguês em que se movimentam, até as sondagens os colocam nos arredores de qualquer capacidade de decisão.

As eleições agora convocadas, salvo outros golpes externos sobre a nossa independência nacional, contam à partida com uma generalizada desconfiança da população, incluindo parte importante das bases sociais de apoio dos partidos do centrão dominante.

O país está a ferro e fogo pela sua acumulada má gestão política e, a população sobre quem fazem recair as responsabilidades do pagamento, tem de se preparar, não para ouvir o discurso do esforço nacional, mas para exigir respostas às perguntas sobre quem produziu a crise, a chamada dívida soberana e quem a deve pagar.

O povo português tem uma oportunidade de confrontar estes políticos, os mesmos que no passado bem recente prometeram tudo sobre o conhecimento de uma situação degradada ao ponto que conhecemos - perto de ser considerada lixo pelos seus pares.

Sendo a questão da dívida o instrumento paralisante da economia do país, que condiciona os raciocínios de políticos vigentes e da população, seria de todo sensato exigir do Banco de Portugal que faça o seu levantamento, origem, formas de actuação, benefícios e responsabilidades.

Os quase 160 mil milhões em dívida, não foram seguramente para salários, reformas e apoios sociais ao povo português, pelo que nos assiste a obrigação dos esclarecimentos. O presidente da República sabe, o Governo também, tal como o parlamento e os seus partidos.

É uma exigência democrática para que as nossas decisões tenham sentido certo.


Luis Alexandre

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