sexta-feira, 8 de abril de 2011

O retrato do país

O pedido de ajuda, no contexto da flagelação, aparece como um acto heróico. Em mais um ângulo de análise, retratemos o caminho para o suicídio.

Os diferentes actores que trouxeram o país pela rédea, desde as autonomias ao continente, viveram sempre acima das possibilidades. O realismo do sistema que financia o endividamento dos Estados, com variantes, definem a fasquia de “segurança” nos 50 e pouco por cento dos PIB. O negócio dos especuladores tem regras, filas de clientes, controladores e formas de castigo. Portugal, com os seus mais de 90%, atingiu o último patamar.

Depois das primeiras intervenções do FMI que normalizou as contas pelo sofrimento, o estado de desgraça a que voltámos, tem mãos conhecidas. O perigo está em não pensarmos.

De repente, com a confusão instalada e porque a situação queima, algumas instituições fiscalizadoras passaram à denúncia sobre o que encobriram. O Banco de Portugal nunca deu a cara e o Tribunal de Contas vive de consciência pesada. São peças da engrenagem.

As situações de gestão pública das autonomias, autarquias e empresas públicas, que correram sobre uma relação de confiança partidária, na displicência despesista e sem razões para a prestação de contas, acrescentam agora os seus frutos desastrosos ao colosso central.

A região da Madeira, tradicionalmente intimidatória para sugar dividendos financeiros, cortou como quis, humilhou como quis e continua a ter o mesmo desplante sobre a sua dívida astronómica, sem solução local e imposta às contas centrais. Os políticos centrais, da cor ou não, habituaram-se à chantagem e aceitaram os números para além dos valores da solidariedade e da autonomia. A dívida acumulada, que noutras ocasiões roçou a insolvência, enumera-se nesse quadro. O endividamento futuro do estado, prevê este buraco.

Nas autarquias, o grosso está endividado para além dos orçamentos, com casos de falência flagrantes. As correntes das influências partidárias, avalizaram até à probabilidade de paralisação. São milhares de milhões acumulados, que o Estado e a Banca não conseguem cobrir. Mais um buraco sem culpados para os próximos endividamentos do Estado.

As empresas públicas, reservatório de inteligências despedidas dos Governos ou segundas e terceiras linhas partidárias, cortaram como quiseram, esbanjaram a prazer e foram mandando a factura. Se uma parte dos serviços públicos, como os transportes, o ensino e a saúde, devem ser suportados pelos impostos dos cidadãos e das actividades económicas, estes terão de obedecer à natural supervisão dos limites. O que nunca aconteceu e nem o novo cenário de financiamento exterior, ainda que recorra a cosmética no tempo de crise, deixará de favorecer no futuro. Porque as clientelas e a sua pressão renovam-se.

O retrato do país, apresentado como um povo que não se deixa governar, não passa de uma retórica capitalista que sempre se recreou e aproveitou do esforço nacional.

Como em 1977 e 83, o banco dos réus senta a parte errada. Quem governou para a bancarrota quer voltar a governar e quem pagou as contas está de novo intimado a pagar. As testemunhas de acusação são a máquina intimidatória da UE, a mesma que decretou a destruição da nossa economia e a fuga dos rendimentos.

Com o retrato do país no negro, todos estão reunidos à volta do pagamento de uma dívida duvidosa, onde a parte que cabe ao povo será ínfima. Cabem ao Banco de Portugal todos os esclarecimentos. E porque será que nenhum partido parlamentar os pede?

Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

Podem chamar de parvo mas a esses gajos não dou voto nenhum. Eles comeram tudo e querem comer mais,porra de vida, trabalho trabalho, impostos e impostos, cada português deu sempre a parte para o estado, eles gastaram à maneira deles e com a merda feita toca de se virarem pra malta e a malta vai cair para lhes encher a pança e passamos a vida nisto. Maluco outra vez não.