terça-feira, 12 de abril de 2011

O partido dito socialista


Num país governado para a beira da ruína, o congresso do partido do Governo revela-se um hino doentio. O chefe do partido e primeiro-ministro, voltou a ser consagrado pelas urbes do Estado e da estrita confiança. A propaganda e a organização rigorosa são fundamentais para o banho de confiança. E bem precisam por que o país lá fora tem contas para acertar.

Com as sondagens, esse artifício, a manterem uma proximidade sobre o eterno aliado, Sócrates volta a ultrapassar-se, arrancando o entusiasmo do que chama “um partido de coragem”. Repetiu-o, mobilizando para a manutenção das regalias.

Com o acto de fechar a gaveta, Mário Soares, que terá lido e praticado conceitos diletantes de um pretenso socialismo à medida daqueles tempos, percebeu que a governação em regime democrático burguês, não suportava nem a rotulagem. Nasceram as rosas e as reformas liberais que fizeram do P”S”, o grande partido tampão de serviço do capitalismo nacional e internacional.

Os sucessores não beliscaram o rumo de partido liberal, exceptuando um laivo de recaída fáctica de Guterres. Com Sócrates e a sua maioria, o P”S” foi mais longe no que vale. Gastou-a a correr para o deficit e recebeu no fim outro ainda maior. Ciosos de cumprir as ordens, depois do desbarato, as cúpulas do partido unem-se para outra missão. Ganhar a corrida governamental para o cumprimento dos pagamentos. Perde o povo, mas interessa que ganhe o partido.

O P”S” não quer hipotecar a sua vocação de classe, prescindiu de princípios, de maioria retórica, para abraçar as bases de construção europeia, sabendo que os resultados seriam os que vivemos. Conhecendo o saque sobre o país e tendo beneficiado dele, este partido funciona pela conquista do poder. O que esteve em causa neste congresso, foi a manutenção do poder. Porque a base política são os planos europeus para o pagamento da dívida.

Porque a situação está bem clara na preparação deste congresso, o “socialismo” desta gente é dizer: “Há momentos em que o social é distribuirmos melhor mais riqueza. Há momentos em que é distribuir de forma mais adequada os sacrifícios. (…) E não há que iludir: vamos viver tempos difíceis e exigentes”. Palavras eloquentes do líder parlamentar.

Com a realidade de um país endividado, das empresas endividadas, das famílias endividadas e da Banca falida, como é possível iludir com o “socialismo ou a social-democracia da distribuição da riqueza”?

O congresso do P”S”, numa manifestação de silêncio da linha dos críticos que fariam o mesmo por outros meios, lançou o voto útil e na mira de recuperar as percentagens, repescou o “pródigo” Manuel Alegre que respondeu com bajulação.

O velho falcão, de asas partidas, sem resultados para a poesia da aliança com o B”E” e porque nunca se demarcou da política dos PEC, preparou a rendição para que o partido dito socialista recupere o campo e o papel histórico de vergar uma parte da média burguesia e alguns sectores do operariado que se deixam levar pelas metamorfoses do canto do cisne.

Com a família agrupada e um Sócrates felino, a missão “do socialismo de pacotilha”, trata-se de não perder o contacto com o poder, minimizar as perdas para o PSD e mostrar as qualificações de fazer dívidas e recuperá-las em benefício dos especuladores.

A cartilha de Mário Soares, usada para lidar com o FMI, contém excelentes anotações… e o povo que se lixe.

Luis Alexandre

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