domingo, 17 de abril de 2011

A alegria do PSD fora da razão


Eleito por maioria mas sem conseguir arrastar o partido, Passos Coelho foi lançado à experiência. Sem créditos de retaguarda como todos os novatos e arrastando um grupo de ansiedade, o líder rapidamente mostrou as incongruências.

O longo jejum de poder, intervalado pela fama trágica da fuga de Barroso e o despedimento de Santana, deixou a família laranja numa dilaceração interna e de líderes, ensinando-lhes o tempo a necessidade do benefício da dúvida.

Estigmatizado por essa dúvida, Passos Coelho, quase sempre mal aconselhado, lançou em livro as suas marcas de julgamento e, na oposição, não teve arte nem engenho para tomar a iniciativa política, cabendo-lhe o serviço de assinar os PEC e o Orçamento do Estado.

Herdando o peso da argumentação insinuadora de Manuela Ferreira Leite que denunciava o conhecimento cabal da grave situação financeira do país, cuja solução obrigava a suspender a democracia, Passos Coelho e o PSD seguiram a podridão do jogo político, não tomaram a iniciativa de denunciar o processo de liquidação em curso, fazendo-se incluir entre a surpresa da notícia vinda de fora.

O PSD e o Presidente da República, o Parlamento, tal como o presidente do BdP entre outros altos dignitários do Estado, não têm qualquer legitimidade nas suas “profundas preocupações” agora exibidas.

Com a recusa de ir para o quarto nas condições prescritas pelo Governo PS, o PSD mordeu o isco de recusar o PEC, rasgando-lhe as feridas de companheiro dos compromissos exigidos pela EU e desnudando a hora do golpe de poder. O PSD não avançou na confiança do país, não tem forma de se demarcar, exactamente porque o PEC IV é muito menos do que o PSD quer para o país. A hipocrisia tem limites.

Passos Coelho não é o líder forte. Dá uma clara nota de autoridade dependente da partilha e influência que não é por opção. Não domina o partido e o país no estilo que a direita quer. Lida com o propósito de riscar Sócrates depois de embrulhar o Governo no papel do novo PEC que corre o risco de ser obrigado a engolir.

Na corrida eleitoral que lançou, não é certo que alcance os resultados que dele esperam. Mesmo reforçado com os parceiros do costume. Na corrida para a concertação das exigências dos agentes dos credores, as propostas estão secundarizadas.

É cada vez mais líquido para a população que o PSD que subscreveu os PEC, não tem propostas políticas diferentes do PS. As duas juntas não satisfazem os abutres que se instalaram no país. As eleições são factos menores para estes senhores que exigem acordos urgentes. A ordem é: ponham-se de acordo se querem evitar a bancarrota!

O trabalho dos abutres é vasculhar os livros de contas que vão contar a verdade que vinha sendo camuflada. Os rebentamentos “não previstos”, aumentou-lhes a desconfiança. Não nos admiremos que a “emergência” abrace números ainda mais aterradores.

São os resultados das governações e das oposições parlamentares, as mesmas que vos pedem votos. Votos que vão servir de garantia para os planos de mais exploração sobre as camadas mais desfavorecidas da população.

Porque não se exige um plano de Governo que contemple a renegociação da dívida considerada exigível, limpa das acções especulativas sobre a economia e finanças, o investimento na agricultura, pescas e indústrias nacionais e que os sacrifícios sejam dirigidos para o desenvolvimento interno?

Luis Alexandre

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