sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fim de reinado deixa custos elevados


A História recente do concelho de Albufeira, exprime-se em três palavras: apogeu, desgoverno e queda. Com os ventos do Turismo a favor, Albufeira mergulhou nas regras do “desenvolvimento” acelerado, que no espaço das últimas duas décadas a desfigurou quase por completo.

Os problemas estruturais desenvolvidos pela gestão PS, politicamente desresponsabilizados mas com consequências futuras, levaram a governação a dedicar-lhe um dos investimentos dos Programas Polis.

Não fugindo à regra que invadiu o Algarve, o modelo do betão armado tomou conta do concelho e os autarcas mostraram-se incansáveis a despachar aprovações que encheram cofres e dilataram os orçamentos. O núcleo histórico e a linha de costa foram de tal forma ocupados, que os caminhos para o mar se fecharam, sem atenção ao suporte das infra-estruturas que colapsaram e aos espaços para as necessidades da sustentação.

O anúncio de uma elevada dívida e a quebra de receitas da autarquia, que estão a condenar o investimento, agora pela mão do PSD, só podem representar um fim de ciclo. O despesismo, a falta de uma visão e planos globais para o concelho, para os quais chamámos a atenção, vêm ao de cima e, como sempre, os custos ficarão para os munícipes.

O fim de festa, onde lembramos acusações de artistas pagos a dobrar, aberturas de anos lectivos com passeios de barco, admissões inadmissíveis de funcionários, revisões de contractos milionários nos lixos, compra de terrenos inflacionados sem meios de desenvolver projectos, pavilhões de luxo, derrapagens, investimentos improdutivos, ao invés de um plano rigoroso, deixam o concelho numa flagrante evidência de más gestões.

Numa análise de conjunto, a “capital do Turismo” tornou-se na capital do desemprego, da sazonalidade, da precariedade, de muito desespero e insegurança e provavelmente de muitas falências. Nem a despesista e improdutiva intervenção do Programa Polis/Câmara, em mais uma obra conjunta de PS e PSD, que derreteram mais de 70 milhões, conseguiram travar a degenerescência da actividade económica do concelho.

No seu aparente acordar e corporizado em pessoas comprometidas com o passado, o PS local serve-se do desespero das contas para voltar à cena da simples oposição política pelo poder e não pelos cidadãos.

Os traços da queda eram por demais evidentes, onde sobressaem as últimas obras que se enterraram em problemas e despesas. O PS dormia, anestesiado pela culpa e pelo encobrimento, com os amargos de boca traduzidos na exiguidade da representação em órgãos autárquicos.

O Programa Polis/Câmara, planeado à distância e que seguiu as regras nacionais de derrapagem, de programada oportunidade traduziu-se em estética sem consensos, arrecadou milhões da participação local e deixou as linhas essenciais de sustentação e desenvolvimento por resolver.

Com uma gestão de aparências e dispondo de meios invejáveis, o PSD foi condenando o concelho a prazo. O aumento das receitas e as taxas autárquicas mais altas do país não chegaram e veio o endividamento e o incumprimento, que se afirma ultrapassar os 60 milhões.

Com a ferida aberta, a velha corte do PS põe o dedo, numa confusão teatral sobre os munícipes, entre o papel de Pedro com o de Judas.

Com a desorientação à vista, o PSD destrói o sonho parlamentar e confirma Desidério Silva no Município, para a difícil tarefa de preparar a manutenção do poder. Acossado, responde: “que é mais fácil criticar no papel do que fazer”, sem fazer a análise do que fez e como fez.

O PS, na alternância necrófaga, apenas quer mais uma oportunidade de poder. Joga na memória curta.

O “xufrismo” sem julgamento e o “desiderismo” despesista, são dois exemplos de como não se deve governar!

Luis Alexandre

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