segunda-feira, 16 de maio de 2011

O “Freitismo”, teoria e prática

Na proximidade de mais um acto eleitoral, com os termos da ingerência definidos e aceites pelo Governo e a aliança PSD/CDS, o que poderá a região esperar do PS e das suas propostas? Será o “freitismo”, pelo seu percurso, uma voz de confiança? O passado desengana-nos!

Nem nas circunstâncias difíceis para o Algarve, o líder regional do PS largou mão das suas convicções socratistas. Voltou a ser segundo atrás de uma figura substantivamente anacrónica sobre os nossos problemas. Inclusive, o senhor Miguel Freitas engoliu a afirmação de que o Algarve tinha falta de liderança e, daí, Lisboa ditar a merecida diminuição entre os pares, despachando-lhe a mesma encomenda.

Não perdendo muito tempo sobre os arrazoados repetitivos e inconsequentes das cartilhas programáticas anteriores, que resultaram em sucessivas derrotas eleitorais, com perda de metade dos deputados e uma profunda humilhação nas autárquicas, o “freitismo” sobreviveu na fidelidade ao centralismo, em detrimento de uma prática de respeito pelos eleitores e pelas próprias hostes.

Na última reeleição, que os partidos gostam de exibir como esmagadoras, ninguém lhe levantou a voz. Entre a crítica e a política de falência do país, os cargos recebidos preferiram a abstracção do costume. O sinal de revolta interna não partirá seguramente do Algarve.

O “freitismo”, como corrente de extensão do socratismo e das suas práticas de delapidação da capacidade financeira do país, foi sempre uma corrente de cabeça baixa. Mesmo na situação de Governo de sorte grande do esbanjamento sobre dívidas, o Algarve não foi além das terminações. De um volume de promessas de obras estruturantes dos cadernos anteriores, a única que se concretizou foi a barragem de Odelouca, com os custos conhecidos sobre os bolsos dos algarvios. A planta do Hospital Central, que arrancou muitos votos passados e várias cerimónias virtuais de lançamento, para lá desta campanha não tem calendário para sair da gaveta. A requalificação da EN 125 está em “stand-by” e a ordem está dependente da tesouraria que, como sabemos, está a zeros. O mapa de transportes alvitrado, reconhecido como um problema estrutural, mesmo que desenhado, necessariamente como mais um elemento de propaganda, não passa disso mesmo, um desenho.

Sobre as portagens de uma via que já está paga e é pertença dos algarvios, o “freitismo” e os seus apóstolos, sem respostas para as obras do que chamam alternativa, alinharam pelo pagamento no pretexto da solidariedade nacional. E no contexto de imposições externas e ânsia de receitas, estarão com o fim das descriminações positivas.

Na área da gestão autárquica, também a irmandade do “freitismo” deu um forte impulso no desenvolvimento, que na realidade se chama despesismo, incumprimento e endividamento. As autarquias em posse e as que terminaram, seguindo à risca os exemplos vindos de cima, exibem dívidas astronómicas e pedidos de socorro com elevados custos que inevitavelmente recairão sobre as fragilidades dos munícipes. E a chancela do chefe está lá!

O “freitismo”, como ramo da escola nacional do partido, silenciou o desinvestimento central a troco da liberdade gestionária com os resultados conhecidos.

Foi sob a capa desta liderança e da sua conspiração com o centralismo, que o Algarve conheceu a profunda crise que atravessa. Mas o presidente da distrital convive bem com a falta de soluções para os problemas.

A ligação umbilical do “freitismo”, na sua forma baça de propaganda, fá-lo-á sobreviver até à morte política de Sócrates! Para desgraça do Algarve!

Luis Alexandre

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