terça-feira, 24 de maio de 2011

Movimento sindical que respostas?

Os palcos sociais estão entregues à maior operação de cosmética política jamais desenvolvida em Portugal. Depois da fase do embaraço e das trocas de acusações para consumo, segue-se a aplicação do convénio assinado. Os resultados eleitorais estão a ser trabalhados em força a três, sendo secundário para o novo empréstimo dos credores a ordem dos factores.

O centro de gravidade da política procura sair da dívida e dos seus responsáveis para, pela lavagem do 5 de Junho, se centrar na autoridade do próximo Governo.

Há uma dívida para pagar, que antes de Sócrates estava nos 84 mil milhões (para um PIB inferior), com este subiu para mais de 170 mil milhões, mas nenhum dos partidos do arco da governação e o parlamento fiscalizador assumem responsabilidades. O FMI/UE/BCE, assentes no passado, sabem a quem emprestaram, conferindo-lhes o voto de se obrigarem a levar a tragédia do pagamento por diante. Nenhum dos partidos que assinou o contrato contestou a dívida, assumindo-a. A 5 de Junho querem que o povo também assine. Será suficiente?

Todas as governações passadas prometeram o que não foi cumprido. Governaram contra o país e para interesses obscuros – os que lhes dão ordens.

Enquanto os capitalistas dispuseram de meios e condições arrancadas à custa das poupanças e do endividamento do país e os rendimentos do trabalho foram sendo aliciados ao consumo, os Governos, o Banco de Portugal e os partidos nem faziam contas. Com o soar do gonzo para o fim do sonho e o começo de novo pesadelo noutros países, o chão fugiu debaixo dos pés da alta finança e dos políticos portugueses que sacodem a água. Era chegado o acerto de contas. Que contas afinal?

Não se sentindo o povo português responsável apenas porque deu o seu voto em muitas ocasiões eleitorais menos graves que a actual e vinha trocando a força de trabalho pelo direito de gerir os rendimentos, com a fuga dos patrões e a destruição da economia, querem imputar-lhe as responsabilidades. Com os partidos da ordem apenas divididos no valor e formas de pagamento, não caberá ao movimento sindical, principalmente às suas direcções, demonstrarem a evidência dos factos? Claro que sim!

Reduzindo a situação política actual a termo simples, temos de um lado todos os que fizeram a dívida e se propõem pagá-la e, do outro, todas as camadas da população, com destaque para o papel dos trabalhadores activos que pela sua intervenção directa na economia, têm um papel a desenvolver.

Se deixarmos que os processos eleitorais funcionem por si e a mando dos que sempre mandaram, não tenhamos dúvidas que por via de lei e se necessário de cassetete, nos farão pagar o acordado e o que vem a seguir.

A solução imposta em cima da mesa e aceite pela nomenclatura, recebe contestação de eficácia nas áreas do conhecimento e sabe-se que é insuficiente. A prescrição sobre a dor do povo vai ser administrada por doses. Mas o povo deve responder que é por operação e de fundo.

Cabe ao movimento sindical dar as devidas respostas, com acções de contestação e a convocatória de uma Greve Geral que imponha os termos para a governação do país e um programa que ataque os problemas e os resolva, não a favor do grande capital como está em ordem, mas dos que tudo produzem e não recebem a sua retribuição.

Luis Alexandre

Sem comentários: