sexta-feira, 27 de maio de 2011

Passos é sério, Sócrates é fixe


Com o regime de calças na mão, um dos seus patriarcas e velha raposa da montagem política, apercebendo-se mais a fundo da delicadeza da situação, é uma voz adocicada de recurso para influenciar o povo a aceitar as medidas de severidade.

Para ele, os dois homens são de confiança, tal como ele o foi, para depois da degenerescência financeira e económica do país em favor das potências e capitais exploradores, as endireitarem a todo o custo.

O velho Mário Soares, quando assinou a adesão europeia e sobretudo quando a negociou sabia ao que ia e os riscos. Como contrapartidas da exploração e destruição da nossa economia, entrariam os abençoados fundos e ele obrigava-se a uma linguagem mais europeia e a por o “socialismo” na gaveta.

Ninguém melhor que o negociador para perceber que a receita que estava sobre a mesa, era a de construção de uma União económica e financeira e que retirava valores sociais e de independência nacional. Sem referendo, o país deu o passo, os políticos intermediaram caninamente o vai-vem dos capitais especuladores e em 25 anos de “União” e menos de dez de moeda única, estamos de novo na bancarrota.

O circo montado para o dia 5 de Junho, com as mesmas escolas de palhaços e até repetição dos artistas, prometem fazer-nos rir antes de chorarmos as mágoas prolongadas de uma dívida astronómica para uma economia sem recursos.

Os gregos já estão mais gregos e sem luz no túnel, os belgas e italianos entraram no carrossel, os irlandeses estão isolados, os espanhóis na rua e os portugueses alumiados em campanha, diz o velho manhoso, pelo sério e pelo fixe, que os tramaram e aceitam a expiação no poder.

Com a UE desorientada e uma clara divisão entre nações ricas e pobres, com os dinheiros dos pobres dos países ricos a arder na especulação sobre as economias dos países empobrecidos e os grandes lucros a salvo nos paraísos, o futuro, por primazia da subversão sobre a União Social é de fortes traços de desagregação.

Como escrevi recentemente, a Alemanha e a França foram surpreendidas na alegria do saque pela crise mundial que colocou o euro em estado de choque, com vantagem para o dólar cujo país responde politicamente em bloco, ao contrário da UE. A Alemanha e a França, em especial a esperteza da primeira, não tinham planos alternativos para a queda do euro. Os planos já começaram porque os cenários de crises políticas e sociais prolongadas nos países em dificuldades e cujo leque se vai alargando, estão longe de se dissiparem e até constroem reacções inovadoras de profunda revolta.

A UE reage com os seus velhos aclaramentos eleitorais e os socorros financeiros em planos de austeridade, que estão debaixo de profundas suspeitas populares. Não há só vulcões na Islândia.

Portugal é mais um exemplo deste socorro aflitivo onde os candidatos ao Governo sabem dos papeis de carrascos a soldo, receberam um plano de exploração intensiva do trabalho e das pequenas e médias empresas sem que os privilégios dos políticos e os do grande capital tenham sido beliscados.

Não nos deixemos enganar… na sociedade portuguesa não há diferenças sobre o Estado Social… porque ele não existe. O que nos querem fazer perder… foi conquistado e não concedido!

Portugal é outro vulcão do sul… ainda sem explosões e curiosamente com as poeiras da direita a saltarem mais alto que as da falsa esquerda parlamentar…

Luis Alexandre

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