segunda-feira, 30 de maio de 2011

Faro deu um sinal de protesto


Faro foi palco de um comício do PS, como passagem efémera pelo Algarve, que já todos perceberam não era um terreno fácil para banhos de multidão.

O comício de Faro, face a resultados anteriores, era uma prova difícil face ao elevado descontentamento instalado e nunca poderia passar pela indiferença ou a hostilidade popular das arruadas.

O PS Algarve organizou uma formalidade eleitoral sabendo contar com a estrutura ambulante contratada e claramente com todos os arregimentados pelas nomeações. A desconfiança sobre os resultados que se confirmaram de uma fraca mobilização era perceptível e até dava jeito qualquer bode expiatório.

A acção de uma dúzia de cidadãos sem bandeiras partidárias e apenas usando cartazes com palavras de ordem transversais aos sentimentos de contestação da sociedade, acabou por dar o mote necessário ao falhanço da capacidade de convencimento e mobilização da população.

Os cidadãos em protesto, cuja intenção de princípio foi a de contestação de políticas consideradas erradas e prejudiciais para a região, acabou por despertar sentimentos de ira de uma estrutura de segurança, que não agiu sem cobertura e se misturou com a exigência de actuação da polícia.

A polícia que manteve os cidadãos em protesto debaixo de apertada vigilância com descrição, acabou por ceder a um pedido quando nunca esteve em causa a ordem pública ou a segurança dos cidadãos, excepto a dos que protestaram e foram molestados e ameaçados.

Nas palavras de ordem escritas contra as portagens e contra o descontrolo das contas públicas ou mesmo no slogan gritado de “PS amigo, a dívida está contigo”, não estava contida qualquer ofensa pessoal ou inspiração partidária, como os responsáveis do PS quiseram insinuar, no extremo de uma conferência de imprensa tardia.

O desespero de uma fraca mobilização, reflectindo o afastamento da população em relação às políticas do PS, levou responsáveis nacionais do partido aos desideratos de substituírem as responsabilidades dos seus agentes de terreno no Algarve, com a insinuação de os manifestantes estarem ao serviço de um partido…

A situação ocorrida mobilizou as convicções dos outros partidos com assento parlamentar que, sensibilizados pela dor… do PS, se solidarizaram contra os “desrespeitadores” da democracia de pacotilha… não vá o mal tocar-lhes… uns por parcerias e outros por oposição faz de conta.

Nada mais hipócrita e desconhecedor dos factos e da vontade de manifestação do descontentamento popular, que se teve uma dúzia de elementos que seguravam cartazes e faixas, não deixaram de ter dezenas de outros populares por trás a gritarem o mesmo descontentamento.

O que é preciso dizer com todas as letras, é que o descontrolo das hostes do PS se explica nas largas centenas de cargos regionais que estão em risco por consequência de mais um possível desastre eleitoral…

O PS regional vai ter de se confrontar com o que ajudou a construir… e se o seu candidato a primeiro-ministro foi parco em palavras, é porque sabe não ter nada para dizer aos algarvios…

Em seis anos esta é a terceira passagem eleitoral e mais vale uma rouquidão silenciosa que enterrar-se pela repetição do que não concretizaram…

Luis Alexandre

30/5/11

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