quarta-feira, 22 de junho de 2011

A nova farsa e os novos farsantes


O novo símbolo do PSD pago pela Somague

Vem aí um novo Governo e todos os basbaques comentaristas se apressaram a dar os seus palpites, ministro a ministro, sobre o seu futuro, desejando-lhes felicidades e antevendo-lhes dificuldades de várias ordens. Com nuances, todos desejam o cumprimento das suas tarefas, sem questionar a sua natureza de classe, a quem servem, a profundidade da injustiça que representam e sobre que classes se vão abater com mais violência.

O Estado de desgraça a que nos conduziram o falso socialismo com o compadrio do PSD e CDS, trouxe à estampa um novo Governo de maioria de direita. Passos Coelho, primeiro-ministro e o seu comparsa Paulo Portas, engendraram uma estratégia de tecnocratas controlados por políticos vigilantes, para os primeiros impactos das políticas impostas pela “troika”.

O manual de medidas deixado e as que ficaram em segredo para a gestão dos 78 mil milhões que nos vão “emprestar” para lhes pagar os frutos da especulação e os rombos que produziram na nossa economia e finanças, vai desde logo ser posto em prática e nem eles duvidam da profunda recessão que vão produzir.

Com o desemprego em números históricos estes subirão em flecha pelo abrandamento da produção e serviços e pela queda dos milhares de empresas que não conseguirão aguentar os seus custos de funcionamento em função da retracção do mercado e da pressão dos impostos.

Os números da pobreza e das famílias sem meios de subsistência aumentarão exponencialmente, colocando ainda mais problemas de insegurança de pessoas e bens. Novas camadas de classe, sobretudo entre o pequeno empresariado, conhecerão a falta de meios de sobrevivência pela queda da economia de que não têm qualquer culpa.

A “troika”, que nos repetiu em particular a receita da Grécia, sabe dos níveis incomportáveis das exigências para as debilidades da nossa economia e não pode esperar outra resposta que não as que se ouvem da península helénica.

O Governo PSD/CDS, que não tem margem de manobra e recebeu um calendário para resultados que transmitam confiança para a entrega das tranches, sabe que não pode falhar. Os próximos dias serão esclarecedores e os tecnocratas não deixarão de receber os aplausos pela frieza do seu dinamismo. Nenhum sector da sociedade escapará à gula devoradora dos cortes dos direitos e soma de encargos sobre a população a que chamarão racionalização de custos. A argumentação das gorduras do Estado, não consiste em mexer no essencial dos privilégios e dos desperdícios. Forçados transitoriamente, terão de mexer em velhas lealdades de serviçais como forma de exemplo. O dilúvio de medidas descambará no aumento do custo de vida e degradação das condições de vida de mais largos sectores da sociedade. Tão inevitável como a revolta que despertarão.

Os chefes das centrais sindicais portuguesas questionados sobre o novo Governo, adoptaram a diplomacia e esperam para ver o que vai sair para o sector do trabalho (!?). As mesmas duas centrais que não quiseram derrubar o Governo Sócrates e a sua política miserável, no meio da qual está o roubo dos subsídios de desemprego, dos abonos de família, o aumento de impostos e o Código de Trabalho, que será ainda mais agravado.

O vazio eleitoral, feito sobre escombros financeiros, deixou um ar de expectativas envolto em panos quentes e um cheiro sepulcral, num interregno, há espera do que sabemos dramático pela mesma mão do oportunismo e da mentira política… até que o vozeirão e as pedras se levantem!

Este Governo espraiará o que a direita sabe fazer de melhor: aumentar os níveis de exploração!

Luis Alexandre

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