sexta-feira, 8 de julho de 2011

Dívidas e mais dívidas…






Depois do colapso da República vêm as partes. Os braços da administração territorial - as autarquias -, vão implodindo uma a uma, vítimas da mesma má governação e displicência sobre a gestão dos dinheiros públicos.

As mesmas engenharias e embriaguês política sobre contabilidade e negócios ruinosos do Estado central, foram elevadas a quase 308 municípios. No Algarve poucos escapam e foi a vez de Vila Real Stº. António, gerido pelo presidente da distrital do PSD, de mostrar e sofrer por umas horas as consequências de lei, entretanto suspensas por negociação sem que a dívida desapareça.

Numa prática recorrente para criar ocupações ao crescente número de pendurados nos partidos, entre outras artimanhas despesistas, multiplicaram-se as empresas municipais para as mesmas tarefas que nunca deveriam ter saído das responsabilidades das vereações. Nem os serviços melhoraram, como estas empresas foram usadas para as trafulhices sobre buracos financeiros das autarquias. Sem dinheiro, os jogos de manipulação deram lugar ao desespero e a somar à ruína nacional e aos seus custos, juntam-se os desastres locais.

Enquanto os políticos responsáveis se degladiam de forma pública e indecente sobre quem produz mais ou menos dívidas, cada cidadão e cada família interroga-se das consequências e de que mais lhes irão imputar sobre as enormes dificuldades vividas.

PSD e PS (para usar o Algarve como exemplo), enquanto gestores e oposição, concorreram despudoradamente para os mesmos objectivos de abuso da sua autoridade pública e ainda se atrevem a envolver a inocência dos munícipes nas suas disputas. Faro. Albufeira e Portimão e agora VRSA, são exemplos.

Em VRSA, os “socialistas” avisaram dos perigos do endividamento que esqueceram nos concelhos da sua jurisdição. Da gestão central à administração local, temos os mesmos vícios e os mesmos figurões que se vangloriam de “fazer obra”… com o dinheiro que ficam a dever. Na administração local, em muitos casos, não chegam a pagar…

Com o Estado descapitalizado e sem crédito, com os Bancos de uma maneira geral falidos e sem capacidade de financiar a economia e as autarquias, o Algarve em particular, pela sua monocultura de 3 ou 4 meses, não está preparado para enfrentar a situação e a partir de Outubro, todos os factores negativos conhecidos atingirão números e situações difíceis de gerir e resolver.

E perguntarão os cidadãos? Como chegámos tão longe? Onde estiveram os organismos de fiscalização? Não há punição para os vários níveis de responsabilidades? Tal como o Banco de Portugal falhou para a supervisão da macroeconomia e finanças, o Tribunal de Contas foi fechando os olhos aos pequenos monstros que actuaram por toda a administração local. Como todos estes órgãos são de escolha política, está encontrada a explicação.

Com as políticas traçadas pelo novo Governo de cortes nas transferências para as autarquias e a quebra de receitas próprias, maus dias vão correr na região, com todas as culpas para as gerações de dirigentes e autarcas que se bandearam para o centralismo e deixaram os problemas correr ao sabor do sol e praia e da especulação do betão. Com a região claramente a empobrecer, estes senhores procuram apenas tábuas de salvação para as instituições que dirigem com sobrecarga de custos para os cidadãos. Seguem as pisadas do centralismo de esconder a mão e democratizar esses custos.

No momento em que o país volta a ser avisado do seu estado de falência, que as virgens em coro não gostaram que lhes fizessem lembrar, é de todo legítimo que os portugueses coloquem as perguntas sobre as razões da dívida, quem a contraiu e beneficiou e da injustiça das medidas que estes senhores (Governo e autarquias) querem impor.

O Algarve está em maus lençóis…


Luis Alexandre

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