segunda-feira, 25 de julho de 2011

As cambalhotas e as portagens




Ao contrário das telenovelas cujos finais são escolhidos no interesse das audiências e até com participação destas, a novela das portagens na A22 aposta na tragédia para os “condenados” a pagar e dos seus actores institucionais que passam da representação… para a catástrofe pessoal.

Com uma história de 6 anos de contestação, esta pôs a nu as fragilidades e os interesses que se movem nos partidos do rotativismo e do seu pau-de-cabeleira. De 2005 a 2011, assistimos ao estilo impulsivo de Mendes Bota e alguns agentes autárquicos, às versões light do empresariado, à entrada teórica do sindicalismo e aos zigue-zagues das eminências dirigistas e parlamentares.

Nesta guerrilha das portagens (que já passou das palavras a um acto de sabotagem), deve ser afirmado que se trata de uma decisão partidária concertada, apesar do fogo-de-artifício, apenas procurando oportunidade por uns (PSD, CDS e P”S”) e o descargo de consciência da rejeição parlamentar para outros (B”E” e P”C”P).

Os Macários, os Freitas ou os Botas limitam-se a gerir a imagem sobre a ordem dessa oportunidade. Mendes Bota há muito que é parco, Macário agarrou a tábua e o senhor Freitas vive à sombra da discriminação positiva. Falta saber da coragem dos algarvios para vencer o centralismo e os serventuários regionais.

Para os promotores das portagens, a correcção dos erros políticos e dos maus negócios das PPP sobrepõem-se aos efeitos nefastos da sinistralidade, a análise da condenação da região à monocultura e à sazonalidade não entram nas contas e os princípios da coesão e desenvolvimento regional são irrisórios quando a Pátria foi de novo enterrada em dívidas.

No abrasador quadro do processo das portagens, as cambalhotas já vêm de longe, passaram por Sócrates, pelos votos dos parlamentares regionais do PSD e não vão acabar em Macário… o que torna limitador fazer recair a acusação de responsabilidade da sinistralidade sobre o presidente da AMAL.

Este organismo de interesses que concentra uma boa parte dos silêncios e da responsabilidade do estado do Algarve, chegou tarde ao movimento e não se lhe conhece unidade sobre uma matéria que une os algarvios comuns. Das associações patronais pode-se dizer o mesmo, colando-se ao NÃO sem deixar cair o argumento “ da solidariedade nacional para o pagamento da dívida”. Às organizações sindicais exige-se-lhes que coloquem esta reivindicação na sua agenda de trabalho prioritário, trazendo para a rua a sua influência transversal.

Neste cenário os caminhos clarificam-se, sabendo as partes que as razões estão entre as receitas que os políticos reclamam, desconsiderando factores estratégicos e as consequências ainda mais negras para as vertentes da saúde das pessoas e das empresas da região.

Para uma região permanentemente desconsiderada, ganhar a batalha contra a introdução de portagens numa estrada de direito dos algarvios, deve ser, no actual momento, o objectivo prioritário com os olhos postos noutros que se devem seguir.

Se os algarvios não fizerem por si…

Luis Alexandre

1 comentário:

Anónimo disse...

... uhmmmm cheira-me que isto ainda vai dar pro torto... e o que éque diz Desidério Silva com o Psd lá no poder? faz como o Macario?