domingo, 3 de julho de 2011

Vamos voltar a ser parte do país?








Formado o Governo PSD/CDS, o cabeça de lista laranja pelo Algarve que considerou uma vitória essa qualidade, não foi nomeado para qualquer função governativa.

Esta condição, que queremos acreditar corresponde a um estado de clarividência partidária, vai potenciar as reclamadas condições de aplicação de Mendes Bota, dos outros três deputados do PSD e do líder distrital, em mudarem o curso dos acontecimentos do conjunto da actividade social e económica do Algarve?

Sendo o PSD a força dominante na região em termos de base eleitoral, dominando a maioria das Câmaras e o controlo da AMAL, a que se seguirão uma série de organismos descentralizados e cargos regionais, a maior fatia votante do Algarve goza da expectativa sobre o volume de promessas feitas pela nova coligação no poder.

Mendes Bota definiu prioridades eleitorais para a sua eleição, alcançou a posição de vantagem sobre os adversários a quem acusou de longos anos de desaceleração do investimento público e de não cumprirem as promessas sobre obras estruturantes, com os reflexos conhecidos.

O novo poder regional fez-se eleger sobre um caderno reivindicativo que em termos teóricos tem o apoio da população, faltando a diferenciação pela prática!

Derrubado o Governo PS e as suas políticas públicas de “desenvolvimento” e favorecimento dos poderosos sobre dívidas e destruição das finanças do Estado, que o PSD e o CDS deixaram arrastar para o momento do golpe político de recuperar o poder, é legítimo que ao indigenato lhe assaltem dúvidas para a mudança. E aos algarvios com mais razões.

Com a actividade económica apostada em quase exclusivo no Turismo e a vivermos um ano em que o aumento da procura não corresponde a aumento de receitas e a mais e melhor emprego, a par das políticas recessivas provenientes do programa externo da “troika”, os receios fundamentados de acentuação dos problemas sociais, económicos e financeiros, vão colocar a fasquia mais alta nas soluções.

Passos Coelho, quando aqui passou em campanha, apenas falou dos compromissos nacionais, ignorando as dores das partes. Mendes Bota fez esse papel e assumiu-se como a principal figura para a defesa dos interesses regionais. Colheu os votos e agora falta tudo o resto!

Se o país entrou em recessão, o Algarve já a vive há vários anos, sem que o centralismo se pronunciasse ou a admitisse. O aumento da criminalidade, do desemprego e do desinvestimento público, são indicadores visíveis e o programa do novo Governo vai retirar ainda mais liquidez que é a base da actividade turística.

Com os custos a subirem, as receitas a baixarem e os preços da oferta em limiares perigosos de sobrevivência e não podemos ainda falar da intenção mortal do aumento do IVA da restauração, o Algarve precisa de uma revolução nas mentalidades, nas atitudes, nas chefias, nas estruturas e nos planos. O Estado central fala, arrecada mas finge não perceber o papel que lhe cabe em defesa da unidade nacional. Os factores de mudança têm de ser lançados do sul, numa mensagem clara para a nova secretária de Estado do Turismo.

A velha ordem de atracção baseada em sol e praia mostram-se insuficientes para o suprimento das necessidades e os mercados funcionam em função de novas razões e gostos que justificaram a adaptação dos meios de transporte e da estrutura da oferta, colocando-se a questão: se os responsáveis já o perceberam, porque não agem? Os nove eleitos sabem as responsabilidades que carregam e não têm margem de fuga…

Os algarvios não se revêem nas palavras do ainda presidente distrital do P”S”, que diz não se poder fazer muito no parlamento… então, se não podem levantar a voz para defender a região que os elegeram, que se demitam!

Luis Alexandre

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