quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O sinal



Os farenses e de uma maneira geral os algarvios, têm uma preocupação pendente, sobre uma das maiores manchas de coberto florestal - o Pontal -, que está protegido por lei.

Tal como está a coberto da lei, o que vale pouco neste país, sobretudo quando a congeminação político-partidária dominante encobre os apetites dos investidores que são premiados com situações acima de todos os interesses, também está comprado por uma frente de dinheiro russo que não veio para desperdícios.

O fogo posto no Pontal esta segunda-feira, poderá aparentemente não ter qualquer relação com os projectos para ali propostos (cabe ao NIC da GNR de Loulé apurar os intuitos do capturado autor e ao Tribunal divulgá-los como um acto de transparência numa matéria polémica e de grande impacto) mas, não deixa de trazer à tona o lume brando com que esta contradição - a protecção ambiental e a compra privada -, se conseguirá resolver.

Recentemente, um jornal da praça abordou este tema adiantando, sem revelar fontes, que os investidores se mexiam no sentido de viabilizar um projecto imobiliário de grandes dimensões, introduzindo-lhe a benevolência da vertente da recuperação de Saúde e áreas tecnológicas (?!), talvez um toque recomendado pelos seus aliados internos para a sublimação das intenções e amolecimento da vigilância dos cidadãos…

O despedido Governo P”S” não lhe deu forma, nem mesmo sob a fórmula mágica e insuspeita de PIN (Projecto de interesse Nacional), mas o dossier não está no fundo da pilha…

Como estamos a falar de dezenas de milhões de custos em terrenos e de outras tantas em concretização, as máquinas políticas não estarão de certeza distraídas com os proveitos que podem obter, sendo tudo uma questão de oportunidade, a que não será estranho o cada vez mais negro quadro social e económico do Algarve, frequentemente usado como álibi e necessitado de dinamização… como encobrimento da sua destruição.

Aos farenses e aos algarvios em geral, cansados de tantos atentados ao seu património ambiental e de linha de costa, que nos vêm fazendo perder qualidade e posição no concorrencial mercado turístico, cabe-lhes não perder a vigilância e a capacidade de reacção a quaisquer manobras dilatórias da política para nos empobrecerem ainda mais.

O Pontal queimado será sempre um bom argumento…, pelo que se exige das autoridades com jurisdição sobre a área, que exerçam a sua responsabilidade.

E fica o aviso: os farenses nunca irão aceitar que um qualquer presidente ou a assembleia municipal façam filmes de desculpabilização sobre a destruição do Pontal. Ali não há direitos adquiridos nem leis das calendas…

Luis Alexandre

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