quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Cem dias, 5 de Outubro, mil enganos…









Sendo recorrente na política burguesa portuguesa prometer uma coisa e fazer outra no poder, à sombra dos basbaques que as entranhas dos mesmos partidos fabricam para Presidentes da República, o actual Governo de coligação, escondendo a culpa do sistema político, mentindo na importação da crise e escudado pela sabedoria da “Troika”, tem-nos presenteado com mil medidas, todas lesivas da economia global do país e com reflexos desesperantes na vida das pessoas.

Em cima de uma crise fabricada pela especulação e o roubo organizado sobre a economia e finanças do país, os partidos políticos condutores que se revezam no poder, fundem as suas estratégias por linguagens diferentes, respaldados nas ordens da “Troika”, que sem o seu cumprimento não há dinheiro para o dia-a-dia (exactamente dos fautores – o Estado e a Banca como principal instrumento do capitalismo), com o claro objectivo de aprofundarem ainda mais a exploração e a factura das pequenas e médias empresas, para a incerteza da solvência, que voltam a fazer depender do fôlego exterior.

Na estrutura da economia e finanças internas, continua a mesma subserviência aos ditames de uma UE incapaz de resolver os problemas de conjunto, subjugada pela dicotomia franco-alemã, principal interessada no cumprimento das dívidas soberanas em favor dos seus Bancos (cidadãos depositantes) e economias.

Para os caudilhos internos, que relevam por obediência as teorias que cercam o país e o destroem, o discurso assenta na “honra” de uma dívida contraída e malbaratada pelos negócios fraudulentos do Estado e das suas clientelas privadas, que estes deliberam… dever ser paga pelo povo.

Seguindo a desorientação europeia, onde uma Comissão foi ignorada pelas ordens da Alemanha e da França, com o seu presidente e ex-fugitivo do Governo de Portugal a desbocar a criminalização dos banqueiros que repitam a graça, factos que em Portugal não têm defesa, o PR português (que avalizou o segundo resgate sobre os números escondidos da dívida) e o Governo desesperam no pedido abstracto de uma paz social, a que a UGT (P”S” e PSD) anuiu e leva a CGTP (P”C”P e B”E”) à hesitação da convocação de uma greve geral em que os trabalhadores exijam políticas de produção nacional e criação e distribuição de riqueza.

Os tempos dos bons alunos, do fenómeno irlandês e dos motores da economia (Alemanha e França), não podem continuar a condicionar a política externa de Portugal com receios de desaparecimento do euro que, no estado actual, afinal continua a depender dos dois países mandantes e eles próprios apanhados sem planos alternativos.

A nova teoria de refundamento europeu e o avanço para uma nova e maior capacidade política e decisória da união, assente em propostas de um Governo que derruba a independência nacional dos países intermédios e pequenos, não tem viabilidade assegurada sem que o grande capital se reorganize com novas formas de hegemonia.

O capitalismo avança e recua em função dos seus interesses e… da oposição popular. O Estado Social, são as esmolas que as circunstâncias exigem. Hoje, em Portugal, um Governo a prazo e saído de um concerto (leiam as declarações de velhos e novos adornos políticos no 5 de Outubro, onde o tom geral é salvar o sistema), procura, não a independência do país pelo reforço do seu desenvolvimento interno mas, da subsistência do núcleo de interesses privados que abocanharam os rendimentos da crise e querem, por todos os meios, incluindo a repressão sobre quem proteste, continuar a mandar e a explorar.

Nesta procissão de fé burguesa, em sequência a 6 de Outubro, o Banco de Portugal, antes criteriosamente silencioso sobre o afundamento, traz nova dimensão para a recessão e acolita a estratégia do caos se os trabalhadores não colaborarem…

Os portugueses, que não contraíram os milhares de milhões que dizem estarmos em dívida, que pensem nos processos e quem nos conduziu a esta situação, tal como nas políticas recessivas que nos querem impor!

Luis Alexandre

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