domingo, 2 de outubro de 2011

O logro da "Taxa Tobin"... ou como o capitalismo se financia...



Se algo encanta a burguesia é porque daí poderá resultar maior exploração sobre a classe operária e os trabalhadores.

Por isso, quando vemos tantos serventuários do grande capital, desde Durão Barroso até Ângela Merkel, passando por Sarkozy, Cameron e o representante do supra-sumo do capitalismo mundial, Barack Obama, a considerarem que a reintrodução da "Taxa Tobin" poderia ser uma boa medida, nós, os pobres da terra, ficamos desconfiados com a "grandeza" da esmola!

James Tobin, um economista americano que nos anos 70 do Século XX propôs que se aplicasse um imposto, ou taxa, que considerava diminuto - de 0,1% a 0,25% - sobre as transacções de divisas internacionais, defendia que esse imposto possibilitaria alcançar dois objectivos. Segundo palavras suas:

1. "O primeiro seria fazer com que as taxas de câmbio das divisas internacionais reflectissem mais os fundamentos económicos de longo prazo do que as expectativas e os riscos de curto prazo..."

2. "O segundo, seria preservar e promover a autonomia das políticas macroeconómicas e monetárias frente aos mercados financeiros..."

Isto é, o que a "Taxa Tobin" visa, por um lado, será a redução da especulação nos mercados de moedas e, por outro, permitir que os governos e seus bancos centrais, possam aumentar a alíquota sobre as transacções financeiras, tentando, assim, evitar a fuga de capitais na ocorrência de crises internacionais, como a que se verifica na actualidade.

Resumindo, Tobin acreditava que esta taxa poderia limitar a especulação financeira internacional, sobretudo em períodos de grande crise ou "crash" financeiro.

Parecendo uma taxa "robin hood", que incide sobre o grande capital financeiro e bancário para o "disciplinar", e anunciada como uma medida geradora de "fundos" para aliviar a pressão dos mercados financeiros sobre as "dívidas soberanas" e, portanto, geradora de maior "justiça social", já que alivia a pressão sobre as medidas que os governos americano e europeus - sobretudo em países como a Grécia, Portugal e Irlanda - estão a impor à classe operária e aos trabalhadores em geral, mas também a pequenos e médios empresários, a verdade é bem outra.

Com o mercado bancário e financeiro “desregulado” como está (isto é, regulado da forma que mais interessa aos detentores do grande capital), será fácil para o grande capital burlar o sistema político por si dominado e, uma vez mais, tirar da aplicação da "Taxa Tobin" benefícios próprios. O que, em contraponto, corresponderá a maiores sacrifícios para os trabalhadores e os pequenos e médios empresários.

Isto porque, obviamente, o grande capital financeiro e bancário irá transferir os custos da "Taxa Tobin" precisamente para os "suspeitos" do costume - os trabalhadores -, aumentando os "spreads" e as taxas de juro a aplicar sobre as transacções correntes que, por sua vez, redundariam em taxas de inflação mais elevadas e, obviamente, diminuição do poder de compra de quem trabalha, provocada pela diminuição real da massa salarial.


Os... trabalhadores devem estar atentos a esta manobra e denunciá-la activamente, tanto mais que por essa Europa fora, e Portugal não escapa à tendência, existe uma certa "esquerda domesticada" que já anuncia a "Taxa Tobin" como uma panaceia que alivia a pressão que está a ser feita sobre os trabalhadores e constitui uma medida de "maior justiça social" e "repartição dos sacrifícios". O mesmo tipo de "esquerda" que, por não perceber que a natureza desta crise e das "dívidas soberanas" são burguesas, indica como caminho a trilhar pela classe operária e pelos trabalhadores, o pagamento de uma dívida que não foi contraída por eles, nem foi contraída para seu benefício.

O caminho... a indicar à classe operária e aos trabalhadores tem de ser o de NÃO PAGAMOS!

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