quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A grande orgiaTamanho do tipo de letra


A actual crise é uma verdadeira orgia do capital. Imparável, esmagador, sem escrúpulos e enfeitiçador, comprou pessoas e usou países, recreou-se com as economias, semeou cúmplices, manipulou leis, lançou o caos nas finanças públicas, arrecadou as mais-valias da sua actividade especulativa e, com a mesma exuberância e a submissão dos sequazes da política e das finanças, traz a Europa, os EUA e o mundo em suspenso.

O grande capital entrincheirado na Banca aprimorou-se nas suas teorias, construiu novas formas de dominação, saindo dos negócios tradicionais para atacar de forma selectiva à escala global e de cara escondida (fundos de investimento), encontrando no endividamento dos Estados um terreno fértil.

As políticas expansionistas, chamadas de desenvolvimento e modernidade, as aspirações hegemónicas e a subserviência a interesses, que escondiam as ambições dos políticos e os seus ganhos, criaram o terreno minado que reduz países a terra queimada, onde os Tratados e Uniões de nada valem, exigindo-se até a perda da soberania.

A Grécia está falida e uns tantos países, por enquanto do espaço europeu, estão na clemência do grande capital, obrigando-os a pedir emprestado para pagar o que devem. Nem os seus próprios instrumentos - os Bancos -, escapam à voracidade de os ter usado e esvaziado, levando os rendimentos dos aforradores e empresas e até os próprios lucros, que as leis perversas consentiram. Uma orgia em espiral e sem rebuços, que continua a ditar o futuro.

A própria União Europeia, hesitante, humilhada e dividida (a sua Comissão está desautorizada), pensava que tinha mão e cedo percebeu que o perdão de parte do roubo à Grécia, não satisfazia o poder oculto dos mercados como lhe abriu novas feridas.

A Europa proposta sempre foi uma miragem pelos negócios desiguais e, nos limites em que se encontra, está ferida de morte. O seu prolongamento, não anula nenhuma das suas contradições. Fica a prazo.

Tudo porque a Europa provocou graves assimetrias e, nenhuma teoria federalista de recurso tem qualquer capacidade para avançar, porque ela própria traduziria os equívocos da hegemonia de uns Estados sobre outros.

A derrota política da Europa e da sua moeda, cujas consequências serão profundamente desestabilizadoras e desagregadoras, são difíceis de contabilizar nos planos nacionais, criando grande instabilidade social, económica e financeira e factores de agressividade externa.

A Europa consagrou os seus princípios no papel e os políticos entregaram-se à missão de os desfazer, cimentando os interesses que hoje nos dominam, comprando-lhes o dinheiro e os serviços que estamos a dever.

As políticas faraónicas pagas a peso de ouro, que em nada contribuíram para as economias e a sua consolidação, atiram para cima dos povos as nefastas consequências, com taxas de falências e desemprego extremas, o desespero entre os jovens e os reformados, o regresso do trabalho escravo (para acompanhar a amiga China), os custos das matérias-primas em ascensão galopante, porque um conjunto de forças se apropriou de uma parte importante dos recursos mundiais e usa-os no seu exclusivo interesse, em oposição aos interesses dos povos e nações.

O que falhou na Europa? O seu sistema político, capitalista, e todos os matizes de “democracia”, com os fascistas disfarçados em centro e social-democracia, os “socialistas democráticos” e os “comunistas”… parlamentares!

Mas a compreensão dos povos empurrará o capitalismo para o seu extertor, levando os nossos carrascos…, para se abrir uma nova ordem, democrática e popular.


Luis Alexandre



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