quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


O cavar da sepultura do pequeno comércio

 

Aproveitando o charco da crise e a autoridade de poder da direita, a convergência dos interesses das várias frentes da actividade do grande capital na área do comércio, procura dar passos acelerados para alargar a hegemonia, a exploração do trabalho e os seus proveitos.
Nesta trajectória, as empresas da grande distribuição e as suas estruturas organizativas, que chamam a si o controlo do comércio em Portugal, resolveram encostar o pequeno comércio e dar passos estruturais num patamar superior, criando a sua própria representação política junto do poder instituído.
De seu nome CSP – Confederação dos Serviços de Portugal, esta organização avança com o seu projecto no momento político em que as decisões do Governo PSD/CDS, a mando da Troika, aplicam um rude golpe nos rendimentos dos trabalhadores, reformados e desempregados, com efeitos devastadores imediatos no poder de compra e impactos mais contundentes na área do pequeno comércio, paulatinamente vulnerabilizado e cerceado ao longo das duas últimas décadas.
A gestação da CSP fez-se a partir das vitórias jurídicas junto dos vários Governos, que foram aumentando espaço e direitos da grande distribuição, manipulando consumidores, aumentando as suas exigências sobre fornecedores e reduzindo custos com operacionalidade à custa da precariedade do emprego e salários baixos.
O nascimento da CSP é um acto de força que reduz à sua insignificância histórica a CGC – Confederação Geral do Comércio, cuja actividade social e política foi a de pactuar com as políticas governamentais que foram esmagando os centros das cidades e vilas e a alimentação das concentrações dos comércios tradicionais e serviços.
A CGC e as suas fracções pelo país foram sempre instrumentos do poder, central e local, enquanto a nova CSP pretende pelo poder do capital, peso do emprego e a cada vez mais elevada quota de mercado, impor os seus interesses.
A CSP já pediu a sua entrada na concertação social, que será inevitavelmente aceite, numa óptica de reforço estratégico do poder dominante do capital no seu seio, apesar das lamúrias da impotente CGC que paga o preço da subserviência e do afastamento dos seus representados.
A CSP, congeminada no âmbito das orlas do poder e dos seus jogos, constitui uma forte força de pressão para o reforço dos interesses do grande capital, que mantém a confiança e os investimentos na área da grande distribuição, ainda com espaço de progressão, deixado pelas falências em catadupa do pequeno e médio comércio.
A CSP é mais uma arma de arremesso ao comércio tradicional, cujas associações distribuídas pelo país apenas se preocupam com o imediato e descuraram as suas tarefas políticas reivindicativas. 
Esta falta de visão estratégica está a mostrar-se fatal! E este Governo já mostrou de que lado está! Só não vê quem não quer!


Luis Alexandre
 


Sem comentários: