sábado, 24 de dezembro de 2011


Exportar… portugueses




O actual Governo PSD/CDS, completamente impotente para encontrar soluções para a economia e finanças do país, sem ser pela cartilha da Troika e dos interesses do imperialismo alemão, incita à emigração e até adianta mercados, o que faz supor uma intenção trabalhada.

Depois do saque às famílias ao longo de uma geração e com os jovens a engrossarem a percentagem dos desempregados, entre eles mais 60 mil licenceados que suportaram o roubo das propinas, a disseminação e a falta de qualificação de cursos (sobretudo nas privadas pela falta de fiscalização do Estado) e até o endividamento bancário, o Governo aponta-lhes o olho da rua.

Aos que ficarem, novos ou velhos, reservam-lhes o aumento da carga horária, o aumento dos impostos sobre o trabalho, a redução das férias, o policiamento laboral e as classificações, transportes caros, limitados e à pinha, custo de vida em alta e ao arbítrio, crédito racionado e especulativo para qualquer necessidade, a garantia de que os despedimentos se farão debaixo da disposição dos patrões a preços de saldos e as reformas sairão no futuro pela metade dos valores.

Como o desempenho que está reservado ao país na próxima década é o seu apagão para o pagamento dos atrasados (a famosa dívida especulativa contratada entre políticos e grandes capitalistas a coberto dos Tratados da UE), as grandes multinacionais não vêem qualquer atracção ao investimento, porque nem o momento aconselha por razões de turbulência social, nem existe capacidade para os indispensáveis… incentivos.

Na realidade, o que o governo quis dizer através da panóplia de intervenções é que, Portugal, depois da importação maciça de mão-de-obra barata para servir as obras da dívida acumulada, agora tem excesso de oferta e os portugueses desempregados são um peso e um problema.

A experiência social dos indignados que nasceu da revolta sem nome e até agora se mantém controlada, pode vir a representar uma enorme força de protesto e de difícil controlo. Logo, a emigração e o espalhar destes elementos é uma das soluções, dentro de uma visão de mais-valias para a Banca e para o Estado.

Nesta tentativa de campanha do Governo, que joga com o tempo e o encostar às cordas de muitos portugueses, os seus sentimentos, a sua auto-estima e o desejo de servir a economia do país não é respeitada, vingando a manobra despudorada de nos sentirmos empurrados para fora. 

As afirmações em escala governamental, depois de um secretário de Estado e do primeiro-ministro, tiveram o clímax recente na boca do número dois do Governo, Miguel Relvas, que foi peremptório em responder aos críticos que “não entendiam a adaptação aos novos tempos”.

Para o Governo que se prepara para mais um golpe constitucional de alienação da independência nacional (o P”S” está com a corda ao pescoço pela decisão) por imposição da Alemanha (o nosso principal credor), negando a capacidade de nos governarmos, “os novos tempos” representam a imposição do trabalho escravo, da pobreza quase generalizada, do desespero para as novas gerações e, quem não concordar, tem a emigração como solução.

Em seis meses, Governo e a sua muleta parlamentar não construíram nada! Aos trabalhadores e às suas organizações, aos jovens indignados e aos reformados, compete-lhes assumir o papel histórico de lutar por um país diferente e condições de vida para a sua felicidade!


Luis Alexandre   

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