quinta-feira, 29 de dezembro de 2011


ACRAL – um tentáculo do polvo?



A ACRAL – Associação de Comerciantes da Região do Algarve continua a ser notícia, não porque tenha aberto mais uma grande superfície e se escondeu mas, porque escondeu e enfrenta graves problemas de gestão interna.

A nova ribalta, que ultrapassa velhas acusações de proveitos com o avanço da grande distribuição, passa pela ruptura definitiva do presidente do Conselho Fiscal que, ao bater com a porta, arrastou para a rua as coordenadas cruzadas da gestão exercida pela direcção e acabaram publicamente sufragadas por outros órgãos.

Em concreto, o presidente do Conselho Fiscal afirmou irregularidades na forma de não apresentação de documentos, salários em atraso para com funcionários e a incongruente existência de um depósito de mais 530 mil euros na conta particular… do tesoureiro.

Questionado o presidente da direcção, João Rosado, este não desmentiu. Nem qualquer outro órgão. O Conselho Geral reuniu e na sua existência quase sobrenatural, reduziu tudo a um copo de água, sem tempestade. Sem ver máculas, quedou-se por conselhos gerais de um programa de reestruturação organizativa para redução de custos.

Pelo menos com a atenção da imprensa regional que deu natural notoriedade ao assunto, uma entrevista ao presidente da assembleia geral, o ex-presidente da direção, o primeiro remunerado no cargo e apontado candidato nas próximas eleições, Álvaro Viegas, também lavou a gravidade do assunto, resumindo-o à insignificância de “actos normais de gestão”.

Perante tão elevado e compreensível grau de solidariedade entre órgãos que afinal se concertaram para as anteriores eleições, o que ressalta para a opinião pública em geral é a forma como justificaram um acto de gestão, onde o dinheiro que falta na tesouraria oficial e tem compromissos pendentes, precisou de uma “passagem” por uma conta particular.

E não estamos a falar de tostões. O presidente do Conselho Fiscal falou de 530 mil euros e se ninguém desmente é porque existem, levantam a pergunta da sua natureza e origem, porque razão não cobrem as despesas em atraso e abrem novas soluções de contabilidade, que por lei são condenáveis?

Na actuação dos órgãos sociais da ACRAL que já sobreviveram a tanta falta de consistência no cumprimento do palavreado dos estatutos e dos seus dirigentes, o que é de estranhar é a abstracção e a inoperância dos seus associados que nada questionam. Mesmo que as situações em causa devessem estar no foro da Justiça, a qual, se prepara para passar ao lado.

O que esta realidade faz ressaltar é que a ACRAL não cumpre os objectivos de luta dos pequenos e médios empresários, é absolutamente indispensável esmagar o seu papel de conivência com o poder instituído, em desfavor dos representados, mobilizando as forças da sociedade para uma nova estrutura que reponha um caderno reivindicativo daquele que continua a ser o tecido estrutural e representativo da região.

Não perceber a realidade só nos vai aumentar as dificuldades, quando temos pela frente um Governo que decretou a morte dos pequenos e médios empresários para defender uma dívida contraída pelo grande capital e afins.

Vemos aqui justiça?


Luis Alexandre  
  


  

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