domingo, 1 de janeiro de 2012


O baile mandado das portagens


Com as portagens no activo (não foi difícil chegar ao objectivo), o baile mandado dos partidos parlamentares, na roleta das propostas e fugas, parece ter sido esgotado. Os partidos “lavaram a honra” e os cidadãos vão pagar a factura. Tudo como combinado!

Na ressaca da cobrança efectiva, recheada a sul de outras acções de protesto, o que também continua a ser notícia é o teatro dos ressentimentos partidários, sobre quem estava ou não com as portagens.

Uns acobertam-se na legitimação eleitoral de Junho, insinuando que os votos dos algarvios implicitavam a concordância com as portagens e, os outros, na repetida e condenada papelada parlamentar. Tudo na legalidade e no interesse do Estado burguês, que ninguém ousou pôr em causa, como se o Estado estivesse dogmaticamente acima dos interesses dos cidadãos e não pudesse ser posto em causa. O que não falta na História, são os exemplos da força dos cidadãos para a mudança.

E falando de cidadãos, em particular dos algarvios, estes viveram um longo processo de preparação das portagens debaixo do slogan que curiosamente não morreu, de que são injustas, e quando se consumou a sua aplicação, o facto de o descontentamento assumir formas físicas noutro patamar de protesto – o da acção revoltosa -, voltou a unir as várias frentes dos proclamados opositores, com o seu natural repúdio.

O Estado que semeia a injustiça em nome da democracia… volta a ser protegido, alegando todas as partes a legitimidade deste… contra a intolerância. Aqui está uma prova de hipocrisia e negação da resistência dos cidadãos.

O Estado e os seus agentes políticos podem liquidar a economia e lesar os interesses gerais dos cidadãos, levando-os ao desespero, a coberto das leis que produziram e são agitadas para os ilibar e, aos cidadãos, julgam na arrogância do poder, que lhes resta o papel de comer e calar. Que ilusão…

A comissão de utentes que trouxe a luta dentro de uma visão pequeno-burguesa saloia de protestos desligados com os resultados conhecidos, porque nunca soube ou quis ligar sectores regionais e as frentes de luta no espaço nacional, anestesiou a luta com a inoquidade das iniciativas parlamentares, ensaiou um enterro, perdeu uma providência, nunca assumiu e organizou de forma clara a justificada desobediência civil, para acabar ao lado do Governo na nova situação de condenação aos sucessivos actos de protesto popular. Como se de bandidos se tratassem…  

Como sempre afirmámos, para vencer a influência cruzada sobre os cidadãos, onde os declarados partidos apoiantes das portagens levavam vantagem, as soluções para a vitória da recusa passava pelo envolvimento público dos sindicatos, das comissões de trabalhadores e outras organizações populares, unificando a luta com as outras representações regionais.

A comissão do Algarve quer levar a efeito novas acções nos mesmos parâmetros curtos e pouco mobilizadores, desprezando os esforços de que jornadas de luta conjugadas a nível nacional têm outra profundidade e tiram o sono ao Governo e seus apoiantes.

Claro que devemos continuar a lutar, mas não pelos processos esgotados…


Luis Alexandre


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