domingo, 18 de março de 2012


Nenhum Seguro garante saúde aos algarvios

O recente périplo do secretário-geral do dito partido socialista ao Algarve, com o pomposo nome de “Roteiro pela Saúde”, analisado a frio, é bem a representação da forma como a política é praticada no país.
José Seguro, herdeiro do velho slogan partidário de criador do SNS (Serviço Nacional de Saúde), entrou de mãos vazias, revelou desconhecimento da realidade regional e ainda nos brindou com elogios ao Governo.

Sem se indignar, o que revela conhecimento, ficou desagradado com as macas que sempre inundaram os corredores da urgência do Hospital Distrital e até apadrinhou o anúncio público da nova administração, que se propõe fazer uma remodelação e alargamento deste serviço.

Rodeado dos antigos responsáveis da política regional, deputados e do próprio ex-Director Regional de Saúde do seu partido, o senhor Seguro, não assumiu as responsabilidades do estado caótico deste sector na região, limitando-se a ouvir as propostas do novo detentor da chefia da área.

Martins dos Santos, nomeado pelo novo Governo PSD/CDS, transformou o tempo de antena de José Seguro em oportunidade para revelar que 150 mil algarvios não têm médico de família mas que a sua direcção tem planos para colmatar este grave problema, como dar forma ao aumento da oferta de camas para os cuidados continuados.

José Seguro ouviu e como não tinha propostas, elogiou a medida recentemente anunciada pelo Governo sobre os cuidados continuados e partiu em sossego. Contudo, deixou para trás muitos problemas que os anteriores Governos do seu partido não atenderam e até jogaram como trunfos eleitorais de outras ocasiões.

Se a falta de camas são uma velha realidade, tal como a falta de médicos e uma extensa lista de espera para cirurgias, temos que juntar as queixas dos enfermeiros, um sector indispensável nos cuidados de Saúde que não baixaram os braços e têm apontado as deficiências do funcionamento dos serviços gerais prestados na região.

José Seguro desceu ao Algarve para falar de Saúde mas apenas fez política de caserna. A principal razão do seu silêncio sobre o essencial está nos compromissos do seu partido com os cortes impostos pelo acordo com a troica.

Sobre os interesses dos velhos clusters instalados, os ganhos das farmacêuticas, os serviços privados de medicina à custa da falta de produção do sector público, as despesas administrativas e salariais elitistas e consentidas que dispararam custos, tudo ficou em resguardo.

E, o mais grave deste roteiro, para lhe aumentar o descrédito, foi o silêncio sobre a construção do novo Hospital Regional que esteve inscrito em programas eleitorais e teve vários anúncios de primeira pedra.
José Seguro, na sua impreparação e sem margem de manobra política, deixou o Algarve tão vazio como entrou.


Luis Alexandre



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