segunda-feira, 9 de abril de 2012


Há gente em Lisboa interessada em matar o Algarve


O histórico de acontecimentos no Algarve, resultarão de uma conjuntura nacional com incidência na região ou serão mesmo uma acção concertada contra a nossa gente e a nossa imagem?

Com os números e os factos a salientarem uma região deprimida, traduzidos em mais 40 mil desempregados, com o aumento generalizado dos impostos e dos bens de consumo, com a falência das Câmaras dos principais concelhos, a quebra do investimento autárquico e sobretudo do central, o aumento da insegurança que tem afectado o Turismo e os cidadãos e o triste espectáculo do torniquete na fronteira, os algarvios têm razão para desconfiar das razões.

A forma como as políticas centrais nos afectam, se pertencerão em parte à conjuntura, não podemos deixar de reflectir que dentro das características específicas da região, os seus impactos atingem proporções gravosas em comparação com outras regiões do país.

Em concreto, referimo-nos ao aumento do IVA na restauração, que não leva em linha de conta a sua base sazonal, às portagens, que são já responsáveis pelo afastamento de dezenas de milhares de espanhóis e o respectivo peso nas receitas de particulares e do Estado, a quebra do poder de compra dos funcionários públicos e dos desempregados e, com maior gravidade, o abandono dos grandes projectos de obras públicas que vão ser responsáveis em anos pelo agravamento das condições de vida no Algarve.

Um Governo central tem a obrigação de cuidar destes aspectos e procurar minimizá-los. Do lado das soluções, não só não as conhecemos, como ainda somos confrontados com notícias de falta de dinheiro para cumprirem as obras de requalificação da EN 125.

A asfixia do país e das suas partes, que resulta de uma dívida fraudulenta e assistida pelos partidos do bloco central, vai manter o país em curva descendente e de forma dramática o Algarve.

A região algarvia viu a sua agricultura e pescas serem destruídas, não mereceu atenção de qualquer investimento interno ou externo em indústrias e mantém quase em exclusivo o Turismo, estagnado e sem planos, e, em rampa de declínio, toda a estrutura que sustentou a loucura do betão.

Na desorientação total das chamadas forças regionais e locais, que se compreende pelas suas responsabilidades na subserviência ao centralismo e na gestão de falência dos municípios e apenas clamam por fundos de socorro, sobressai o papel distante dos chamados deputados pela região, que não são capazes de criar um quadro de exigências que dê as respostas mais urgentes.

Com um inverno ruinoso na economia regional e as perspectivas de uma forte contracção no Turismo, em número, receitas e pagamentos, os níveis de desagregação empresarial  e social reflectirão o abandono a que fomos votados.

O Algarve sempre foi representado por gente que se aproveitou dele. Quando as consciências se abalarem, porque o precipício está mais perto, teremos de pedir contas. E sabemos onde ir. 

Luis Alexandre



    

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